Nesta época em que vivemos, o “não ter
palavra” está muito disseminado entre nós e isso muito tem
a ver com fraqueza de caráter e falta de respeito para com o próximo.Está
sendo tão comum essa atitude desprezível que apenas uma minoria
ainda se dá ao luxo de se manter fiel ao dever de cumprir o que falou
ou prometeu. Essa minoria não tendo a mesma reciprocidade, sofre mais
diante das condutas irresponsáveis daqueles do “falar e não
cumprir”. Essa aberração da atitude humana, como sabemos,
é mais destacada no meio político. Mas, deixando os políticos
de lado, pior, a mesma aberração vemos inserida em muitos dos
nossos “amigos” ou conhecidos. Quando um deles falando marca um
dia para uma conversa e mesmo ela sendo mais do interesse dele, isso desencadeia
no pensamento, uma preparação para a disponibilidade de recebê-lo
no dia combinado. O dia chega e quem prometeu comparecer “se esqueceu”,
não deu explicações ou pediu desculpas. Essa distração
ou ignorância é típica dos irresponsáveis que, vazios
como são, pensam que todos lhes são iguais para poderem ocupar
suas mentes com o que falam e não vão cumprir e, portanto não
vai acontecer. É um prejuízo mental sim! Quem ainda tem confiabilidade
na “lembrança” de todos aqueles que aleatoriamente se predispõem
para um comparecimento mesmo apenas amigável, além de aguardá-lo,
gasta (joga fora) algum pensamento sobre a ocasião do compromisso marcado
e sobre a pessoa que o provocou, para poder atendê-la conforme sua necessidade.
Tudo em vão. Tudo perda de tempo. Entretanto, a pessoa que defeca palavras
e não as cumpre, se insere nos pensamentos de quem acredita nelas. Deixar
a imagem de uma pessoa “sem palavra” povoar em nossa cabeça
ainda que por poucos momentos, é um prejuízo para outros pensamentos
mais úteis.
Essas atitudes inaceitáveis desses seres humanos “civilizados”
trazem uma vantagem. Cada vez mais deixamos de acreditar neles e deles mais
nos afastamos. Numa próxima vez, num contato com um deles, nenhuma importância
damos ao que ele fala e nada esperamos do que ele se propõe, escaldados
que ficamos com a inoperância de seu caráter a vigiar o conteúdo
de suas palavras que não terão subseqüência na objetividade
de qualquer relacionamento humano do cotidiano. Infelizmente, o não “manter
a palavra” destes nossos dias não é mais falta de educação.
Ao contrário, é a educação que muitos estão
tendo. O “fala que não estou” e o “logo te telefono
para confirmar”, são frases tão comuns e tão mentirosas
que fazem parte do viver de muita gente “boa” da nossa sociedade,
e se bem lembrado, “Não Mentir” está entre os dez
mandamentos sagrados. E comumente, muita gente mente para fugir da responsabilidade
do que possa ter prometido, desprezando ou sendo inconsciente do dizer “És
senhor das palavras que não pronunciaste e escravo das que proferistes”
ou “És dono das palavras não ditas, mas, prisioneiro das
que disse”. Sendo assim, que tranqüilidade, que imperturbabilidade
é sentida naqueles mais afastados dos convívios humanos, vivendo
mais protegidos desse epidêmico costume de “falar e não cumprir”
já quase transformado em naturalidade humana.