Deus panteísta ou Deus antropomórfico?
“Às vezes você me pergunta; Porque é que eu sou tão calado; Não falo de amor quase nada; Nem fico sorrindo ao seu lado; Você pensa em mim toda hora; Me come, me cospe, me deixa; Talvez você não entenda; Mas hoje eu vou lhe mostrar; Eu sou a luz das estrelas; Eu sou a luz do luar; Eu sou... ...” Na letra da música “Gita”, que era cantada pelo saudoso Raul Seixas (1945-1989) parece que tem muito a ver com o panteísmo do filósofo Baruch Spinoza (1632-1677). Panteísmo é não acreditar num Deus pessoal “antropomórfico” que significa atribuir a Deus qualidades humanas como o sentimento e a imagem corporal e que o homem seja a imagem e semelhança a Ele.
Deus antropomórfico ou o Deus Panteísta? Mais popular é o antropomórfico, aquele Deus que, como dizem e como está nas escrituras Ele é aquele que mora no céu, aquele que controla o mundo, é aquele que castiga, que perdoa, é aquele que gosta de orações, é aquele que gosta de ser adorado, é aquele onipresente que está em todos os lugares, é aquele onisciente que sabe de tudo o que se passa entre nós e no mundo e etc. E, nós ficaremos ao lado dele eternamente depois que morrermos. Enfim, O Deus antropomórfico tem muitas qualidades humanas.
O Deus panteísta é o Deus Energia ou é a Energia que é Deus a que abarca ou está em todo o mundo. Está em tudo o que existe neste mundo como também no Universo. É a energia de vida que está em todas as criaturas. Entretanto, sendo energia abrangente não é onisciente, isto é, não pensa e não tem consciência para saber de tudo o que ocorre no mundo e nem com os problemas dos seres humanos e seus destinos, porque, repetindo, é energia e não tem um ser com o nome Deus sendo parte dela para administrar as suas criações, criações da energia. Mas, talvez, não se deixava a “palavra” Deus de lado porque toda a humanidade a tinha na consciência e poderia não gostar da ausência dela.
Quando o astrônomo Pierre-Simon de Laplace (1749-1827) apresentou seu Tratado de Mecânica Celeste para o Imperador Napoleão Bonaparte, este, perguntou-lhe: Por que neste teu tratado sobre o movimento dos planetas e das estrelas não mencionou Deus? Laplace respondeu-lhe: Eu não precisei dessa hipótese. Hipótese? Parece que Laplace já em sua época preferia o Deus do panteísmo, como também Albert Einstein (1879-1955) que escreveu “acredito no Deus de Spinoza, um Deus que se manifesta na harmonia de tudo o que existe e não num Deus que se preocupa com o destino e as ações dos homens”. Panteísmo ou Antropomorfismo? Qual é mais convincente e coerente?
Altino Olímpio