O tempo e a vida
Quando ficamos velhos ficamos perplexos pelo tempo que nos passou tão rápido em nossas vidas. O passado é o tempo que passou, o presente é o tempo que está passando nos encaminhando para o futuro. Invisível e insonoro e por isso imperceptível, o tempo nos acompanha como se fosse uma prisão na qual temos que cumprir uma sentença até o fim de nossas vidas. Quando na ingenuidade ou imaturidade de nossa tenra idade nós nunca nos importunamos com ele. Parecia que ele, o tempo, não nos existia quando crianças o tínhamos oculto nas nossas brincadeiras. Para não falar do tempo melhor será falar em épocas, que, embora também seja o tempo, essa outra palavra parece que explica melhor as fases em que as brincadeiras aconteciam quando éramos crianças.
Tínhamos a época de brincar com bolinhas de gude, empinar papagaio (pipa), rodar pião, jogar malha, pula na mula, e tantas outras brincadeiras de rua que parecia que tinham mesmo épocas para elas durante o ano. Se o tempo existia ele não nos importunava, nem se pensava nele. As mudanças em nossas fisionomias e em nossos corpos conforme os anos iam passando é que delataram o tempo nos provocando transformações físicas ou faciais. E é ele que determina o prazo que temos para viver e não há como fugir dele ou prolongar nossas vidas cujo destino delas é a morte.
Quando não estamos onde nossos corpos estão, isto é, quando os nossos pensamentos estão distantes de donde fisicamente estamos, assim distraídos de nós mesmos, parece que o tempo passa mais rápido. Quando estamos impacientes querendo que algo logo se resolva e ficamos olhando para o relógio repetidamente, parece que o tempo demora muito a passar. O tempo que com o tempo nos desfigura (risos), ele e a vida são cúmplices pelos dissabores ou tristezas que passamos na vida. Entretanto, também temos momentos efêmeros de alegrias para disfarçar o controle que o tempo e a vida tem sobre nós desde que nascemos neste mundo cheio de contratempos.
Altino Olímpio