04/11/2024
Não dá para dispensar os pensamentos

Não dá para dispensar os pensamentos


Ora, ora, ora, como estou, sei lá como estou. Só sei também que às vezes não me importa como estou. Tantos anos se passaram e como eu estava em todos anos passados pouco me lembro. Agora aqui onde estou, estou a refletir em como todos os momentos em que eu estive estiveram formando tudo o que penso que sou. Hoje os dias passam e sei que eu só vivo no passar dos dias iguais como eles sempre são tendo as escuridões das noites me trazendo claros os pensamentos que me fazem pensar até onde ainda vou chegar vendo os dias passarem trazendo suas noites que me fazem pensar que hoje eu só sou os meus pensamentos e nada mais e eles não interessam para ninguém. 

Por que os meus desejos sumiram? Viver não foi sempre ter os desejos de ter seja o que for para que o ter seja mais que o ser como acontece para muitos? Como devido à idade avançada os desejos desaparecem e se vive melhor sem eles, isso não faz pensar que muito vivemos de ilusões do tanto querer ter? O viver sem desejar é o mais viver em si mesmo livre de anseios que tornam o viver incompleto. 

Neste mundo tão conturbado como viver tendo paz de espírito? Só mesmo vivendo nele com o corpo, mas, com o espírito afastado e inconsciente do que ocorre com ele e com todas as pessoas que vivem influenciadas por ele. Que fazer com tantas notícias que só servem para satisfazer a curiosidade dos que precisam de distração para viver do que viver para algo mais útil e que possa ser praticável? Parece que nesta época muitas pessoas não mais vivem em si mesmas e sim vivem no que outros apresentam e que só servem para os interesses deles mesmos. 

Às vezes penso que ainda penso porque é difícil deixar de pensar. Penso que seria bom escolher o que pensar, mas, para que pensar se o que se pensa dá o que pensar se vale a pena ter pensamentos que para nada servem nesta fase idosa da existência e que, pensando bem, nem é bom pensar no pouco tempo que ainda resta para viver (risos).
Altino Olímpio

Somos só memórias?


Tudo o que somos são o que temos na memória. Mas somos também aquele que quando está desperto pode escolher o que quer se lembrar de algo que está na memória. Somos alguém que não sabemos quem que está no comando do que queremos pensar. O alguém desperto que somos é independente ou separado do que somos em memória. Quando adormecido o alguém desperto desaparece para dar vez de se manifestar aquele outro que é o recepcionista dos sonhos que são como querem ser sem que aquele outro interfira e assim é a vida, desperto parece que somos os donos de nós mesmos, mas, adormecidos tudo o que nos ocorre na mente aberta para o que der e vier não tem dono para aceitar ou não. Vivemos do que vemos, do que sentimos e do que sabemos e também do que nada sabemos e nem queremos saber do que os sonhos possam ser. O ser humano neste planeta tem dividido em duas partes a sua vida.  

De dia seu viver é consciente, mas, não tão consciente assim. À noite, dormindo ele é inconsciente e inconsciente mesmo. Em seu íntimo estado subjetivo, o ser humano tem os pensamentos que quer ter, sejam eles sobre realidades ou não e também pode exercer sua capacidade de imaginação quando até pode “se ver” sendo o que não é, mas, o que gostaria de ser. Isso já pode ser parte do “sonhar acordado” a que muitos se dedicam para fugirem da realidade do estado presente (sem futuro) em que vivem. Voltando ao que ou quem somos do início deste texto, muitos passam as suas vidas como se estivessem sempre dormindo e vivem inconscientes de que poderiam se desprenderem do “Maria vai com as outras” de igualdades em que vivem. Assim sendo, suas consciências são niveladas com as consciências (ou inconsciências) da maioria, que, pode ser manipulada. Altino Olímpio

Tenha calma com o teu Karma


Tem aqueles que dizem que nascemos neste mundo cheio de tropeços para pagarmos nossas dívidas de reencarnações passadas. Como dizem, tudo sendo consequência do Karma significando que todas as nossas ações realizadas no passado nos retornam de forma benéfica ou maléfica. Interessante! Mas, como pagarmos pelos nossos erros se nem sabemos e nem nos lembramos quais foram? Sendo assim como contratarmos um advogado para nos defender (risos)?

Escrever é bom para o viver


Uma vez que eu nasci, quando cresci me perguntei o que vim fazer aqui. Tive que aprender a ler e depois só li o que outros escreveram. Então fui educado para me inteirar do que acontecia principalmente no mundo a minha volta. Quando, depois de muito tempo passado pensei em escrever, me perguntei o que teria para escrever.  Teria o que escrever para entreter outros? Não! Melhor escrever para eu mesmo me entreter. Escrever me seria transferir meus pensamentos para um texto. Muitos anos se passaram depois que o que escrevi permiti que outros lessem. Logo descobri que não era preciso ser alguém de destaque para escrever. A vaidade de querer aparecer ou ter fama nunca me estiveram como principais intenções. Ao contrário, o escrever não tendo outra intenção além da intenção de apenas escrever, me mantém mais solitário e com os pensamentos independentes dos pensamentos diários dos outros que mais ficam atualizados com o que ocorre no cotidiano, que, já me deixou de interessar. 

Não gosto de ter títulos como, por exemplo, o título de escritor, o que, assim não me considero. Apenas escrevo crônicas e se eles forem do agrado isso já é do meu contento. Nunca tive a intenção de escrever um livro, pois, além do tema que poderia ser escrito, seria preciso (encher linguiça) para preencher as páginas vazias restantes esticando o tema ou o texto já sem necessidade. Se algum dia minhas crônicas deixassem de ser publicadas eu as continuaria escrevendo só para mim mesmo. Quando escrevo parece que a minha consciência encontra a porta aberta para sair deste mundo e fora dele (que é estar livre da lembrança dos outros e indiferente do que ocorre no cotidiano, seja lá o que for) encontra as palavras adequadas para no silêncio melhor escrever um texto qualquer. Me é importante que as importâncias do mundo me deixaram de ser, pois, nada ou ninguém sou para me preocupar com problemas que competem a outros que são autorizados e capacitados para tentar resolvê-los. 

Quanto a ter “aparecido” aqui neste mundo, já faz tempo que desisti de me interessar pelo que outros “sabem”, falam e escrevem sobre o que são incapazes e impossíveis de constatarem. Como o ser humano foi constituído, ele foi adequado para utilizar sua inteligência ou sua reflexão para interagir com este mundo onde vive e não em outro. Sua constituição não permite que ele realize observações ou comprovações além daquelas do mundo onde vive. No mais, tudo lhe fica no plano da imaginação, da especulação, da teoria, das ideias, e das crenças. Incrível como o homem moderno depois de tanta ciência e de tanta tecnologia ainda acredita continuar existindo incorpóreo num além que lhe é invisível.  
Altino Olímpio



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