Quando se embarca num trem sem ter alguém para conversar parece que demora pra chegar à estação onde se pretende desembarcar. O ficar mais consciente, ficar observando tudo o que ocorre ao redor e ficar “contando as estações” já tão conhecidas pela passagem do trem, isso é sentir o tempo lento, vagaroso, como se estivesse vivendo no “tempo real”. Mas, quando se tem alguém agradável para conversar durante o trajeto do trem e estando desatento ao que ocorre ao redor e as estações “que passam”, parece que a estação donde se deve desembarcar chega rápido até sem que se perceba. Essa distração do estado presente provocada pela atenção à conversação com alguém durante o percurso do trem, isso sem perceber é estar no tempo psicológico e não no tempo lógico que é o horário comum a todos. O “conversar” consigo mesmo, isto é, distrair-se num pensamento qualquer tende ao substituir também o passar do tempo do estado objetivo pelo passar do tempo do estado subjetivo, o tempo psicológico.
As palavras aguardar, esperar, antes, depois, agora, época, eras, período, presente, passado e futuro, eternidade, temporário, perpétuo, contemporâneo, antes e depois de Cristo, todas essas palavras são relativas à existência do tempo. São constructos da mente objetiva do homem que produz a sensação da duração (extensão, existência) do tempo decorrente. O tempo “menor” de um dia é o baseado ao tempo de rotação completa da terra sobre seu eixo. O tempo “maior” é o da duração de um ano que é considerado pelo tempo da translação completa da terra ao redor do sol. Mais se tem noção do passar do tempo porque para nós os dias terminam quando se iniciam as noites e vice-versa. Se só houvesse os dias e não as noites o passar do tempo não seria “notado”. Pareceria que o tempo estivesse parado ou que ele não existisse.
Todo o tempo que eu já vivi até aqui neste agora desde que nasci ainda não é tudo para o porquê que eu nasci (risos). O que será que o tempo ainda reserva para esta minha existência? O tempo, ele está tão em contato com a vida embora ela finda e ele não. Por que penso que tudo o que já vivi ainda não me é tudo? Por que ainda estou por aqui se muitos dos meus tempos já se foram? Talvez a vida seja assim mesmo, todos em seus tempos nascem e todos têm seus tempos até morrerem, mas, em nenhum tempo eles ficam sabendo por que ou para que aqui vieram, embora, saibam das teorias que há tanto tempo existem para quem tem tempo de refletir sobre elas.
Altino Olympio