08/02/2006
Quem é Matrix? - Parte 2

Existiram pessoas com amor pela humanidade e tentaram esclarecê-la sobre a hipnose (matrix) em que viviam. Infelizmente, foram relegadas a serem somente “distrações intelectuais” para quem as escutou ou leu seus escritos, porque na prática, poucos assimilaram seus conhecimentos para com eles conviver e se libertarem pelo menos em parte, da escravidão mental imposta pelos manipuladores das mentes do povo.
Distrações e preocupações mil afastaram pessoas de ensinamentos e de quem melhor poderia orientá-las. Se mais vivessem por si mesmas, talvez nem precisassem de orientações, pois, elas lhes viriam naturalmente em suas mentes mais livres.
Jesus, não foi ele que disse: “vigiai, vigiai sempre” e alguém segue este conselho?
“Conheça a verdade e a verdade vos libertará”. Se Ele voltasse mesmo e sentisse que ninguém conheceu a verdade, talvez repetisse “Pai, perdoai-os, eles não sabem o que fazem”. Essa nossa falta de consciência, até quando vai durar?

Pedro Navas, um escritor do Rio de Janeiro, mais ou menos duas décadas atrás, numa entrevista foi taxativo ao dizer que a vida é um beco sem saída. Convicto ao que disse, logo depois se suicidou. Era portador de uma mente brilhante, como demonstrou pelo decorrer da entrevista. Parecia ser conhecedor do fato da vida ser uma prisão ou “matrix”, assim como foi chamada a nossa prisão naquele filme de “ficção”. Pedro Navas deu a entender que não havia escapatória. Qualquer pessoa comum de nível inferior, incapacitada por entendê-lo, por não compreender o que seria o “beco sem saída” e “não há escapatória”, o teria considerado louco, isso, se seu nível mental lhe tivesse permitido assistir a entrevista.

Lá pelos idos anos da Revolução Russa (1917), o russo Gurdjieff em São Petersburgo já ensinava ao seu grupo de discípulos que todos os seres humanos mesmo “acordados” vivem dormindo. No dizer de Gurdjieff, o homem é uma máquina. Todas as suas realizações, ações, palavras, pensamentos, sentimentos, convicções, opiniões e hábitos, são o resultado de influências, impressões externas. O homem nasce, vive, morre, constrói casas, escreve livros, não como ele quer que seja, mas como isso acontece. Através da compreensão, chega-se a conclusão que as pessoas andam, falam, comem, trabalham, casam, divorciam-se e, de um modo geral, passam suas vidas num estado de desatenção quase total.

Outro que viveu mais acordado que adormecido foi o Krishnamurti. Deve ter amado muito a humanidade, pois, como escritor, dedicou sua vida para ela, escrevendo-lhe como viver sem as mentiras tipo “matrix”. Tentou (mas não conseguiu) abrir a mente das pessoas para as realidades da existência, como percebê-las e só aquelas que interessam. Mas, qual o que, poucos se interessaram em se autodescobrirem. Vivem idolatrados com as ilusões de seus sentidos e se recusam a abandoná-las. Isso impedem-nas perceber do existir prazer maior do depois ---pelo menos pela metade--- de se libertarem do aprisionamento do sistema vigente que, faz com que, as pessoas mais pensem nelas como sendo o que fazem do que no que de fato são, conforme entendemos esta insinuação no filme Matrix.
Terminando, “quem é de matrix?” Conscientes ou inconscientes somos todos nós. Saber da situação só nos leva a nos isolarmos para fugirmos da condição de antipáticos perante os outros com “direitos” de nada quererem ouvir.


Altino Olímpio

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