Mais nas conversas entre duas pessoas, não é
incomum se destacar numa delas a falta de controle de seus pensamentos, culpados
por sua impaciência em ouvir a outra. Muita gente mais dada a falar do
que ouvir, sempre interrompe conversas para intercalarem nelas suas particularidades
relativas, parecidas aos fatos que estão ouvindo. As interrupções
quando muitas denotam egocentrismo em quem sempre interrompe uma conversa para
demonstrar sua “importância” como tendo experiências
do assunto em questão e relata as suas antes de ouvirem quem primeiro
estava discutindo o assunto e ainda não o havia terminado. Essa falta
de educação, “esse sempre eu primeiro e depois você
continua” é uma falta de respeito para com outro, porém,
em detrimento próprio. Quem muito mais fala do que ouve, além
de se tornar antipático, ouve os assuntos repartidos por causa de suas
interferências e ao repeti-los para outros sente dificuldade por não
lhe ter prestado a devida atenção seqüencial. Maior atenção
sobre si mesmo, esse sempre ser o foco da importância nas circunstâncias,
impede uma mente aberta para auferir ganhos com exemplos de outros, que, se
úteis, seriam comparatíveis numa necessidade.
Numa conversa atenciosa fluem pensamentos correlatos a ela
para auxiliar nossa compreensão da mesma e para acompanhá-la.
Pensamentos diferentes que possam fluir também, não tendo equivalência
com a exigência do momento, rejeitados prontamente são repelidos.
Os pensamentos, com certa naturalidade sempre estão invadindo nossa mente
e se não houvesse uma conexão que “liga” os pensamentos
convenientes ou específicos correspondentes com os fatos ou temas da
conversa, ela seria prejudicada na sua objetividade. Dentre todos os nossos
pensamentos que possam fluir num dado momento, um preferencial deve prevalecer
para a circunstância. Para isso, espontânea e quase sempre instantânea,
a subjetiva e sutil conexão existente entre os pensamentos, separam o
mais adequado e apto para a circunstância. Quando permitimos divagar por
pensamentos alheios diferentes dos exigidos pela circunstância, enfraquecemos
o interesse da interlocução. Daí o precisar mudar de conversa
é indisfarçável e pode desagradar quem a iniciou com a
vontade de discutir sobre um assunto pensado importante para relatar.
Quando ouvimos algo inusitado e nada tendo na memória como referência
para confrontação, a conexão existente entre os nossos
pensamentos não consegue encontrar o que não tem, isto é,
um pensamento para servir como comparação diante do ainda insólito
para tentar entendê-lo. Sendo assim, quem mais tem acumulado registros
mentais na memória, torna mais producente a capacidade da conexão
entre os pensamentos. É mais passivo e receptivo nas conversas sem o
inoportuno interromper igual daqueles ricos em pensamentos tão pobres
que para seus confortos sempre interferem nos assuntos transformando-os em óbvios
e triviais.