Chegando aos 50 ou mais anos de idade, um homem, se refletir
sobre a vida, “descobre” que até então, viveu enganado,
cheio de mentiras com que a sociedade inculcou nele. Numa retrospectiva de sua
vida, se ainda lhe resta alguma coerência, pode então se indignar
de tantas idiotices que por muito tempo esteve ocupando lugar em sua mente.
Vai “descobrir” que a vida é uma anedota engraçada.
Vai gargalhar de si mesmo e das pessoas que acreditaram e acreditam em coisas
incríveis, impossíveis de serem realidades, mas, que, continuam
sendo a paixão dos idiotas que acreditam em tudo o que ouvem, convenientes
para se distraírem dos problemas de suas vidas. As imbecilidades humanas
são muito engraçadas. Basta tomar conhecimento de todas elas para
se cair em gargalhadas, quando, o certo seria chorar de tristeza, pela incapacidade
que muitos têm de discernir sobre o que de fato seja útil para
um viver mais produtivo e livre dessas tontices sem sustentação
que povoam nas mentes infantis desses “adultos” metidos a entenderem
um outro lado da existência, aquele lado inexistente existente há
milhares de anos.
“Somos nós os que levantamos a poeira e depois
nos queixamos dizendo que não podemos ver”. (George Berkeley, 1685
– 1753). É isso mesmo! Criamos tantas hipóteses, tantas
teorias, ouvimos e acreditamos em tantas superstições vindas de
tantas “autoridades” desse nosso mundo de só “levantar
poeira” e ficamos sem poder ver a verdade que nos interessa. Por dentro
da “poeira” só enxergamos o que interessa aos outros, aqueles
mancomunados em nos manter na cegueira, para que não percebamos nosso
viver aprisionado num psicológico sistema dominador. A fuga dele fica
por conta do debater-se na poeira que levantamos onde uma “onipresença”
sempre estará a nos proteger, nos salvar e sempre irá castigar
os culpados pelo nosso sofrimento de sermos cegos opcionais.
Felizardo é aquele que, na idade avançada, consegue
aceitar e refletir sobre os seus desencantos. Sorri de si mesmo e dos outros,
que, ainda vivem nas suas mesmas ilusões. Muitos, mesmo no final de suas
vidas, não conseguem se libertar das tantas mentiras que absorveram e
morrem na esperança do que elas ainda possam fazer por eles no quando
eles não forem mais eles. Aquela “onipresença” que
se ausenta na presença dos crimes hediondos, ela é invocada na
ausência deles, durante o pedido de passaportes para suas vítimas,
necessários que são para o cruzar da fronteira que separa este
mundo de um outro, acreditado por quem vive neste, só onde isso é
possível acreditar. Mas, no outro mundo, será que se acredita
que este existe? Talvez sim, porque, muitos dos daqui que já foram para
lá, foram para aguardar o dia e a hora de retornar, para aqui se aperfeiçoarem
até aprenderem a não mais levantar poeira. E assim, a psique humana
é o maior espetáculo existente neste mundo. Seu poder imaginário
é tão forte e produz delírios tão engraçados
nos seres humanos, nas suas práticas e crenças loucas, que, faz
gargalhar aqueles do não “levantar poeira” e que, melhor
enxergam. Será aconselhável uma pessoa “madura” refletir
sobre a existência? Sim, se gostar de dar risadas. Não, se for
daquelas que ainda acreditam na seriedade humana.