Como disse William Shakespeare: O mundo inteiro é um palco, e todos os homens e todas as mulheres são apenas atores. Nisso está o representar de cada um na sua vida. Somos atores principais de um enredo cujo “início, meio e fim” não é de nossa autoria. Muitas vezes no teatro das nossas vidas o diretor da peça que representamos é o destino. Com suas surpresas agradáveis ou desagradáveis, alegres ou tristes ele nos força a sorrir ou a chorar. Às vezes podemos ser cenas de aflição e de desespero e os coadjuvantes ao nosso redor representam a impossibilidade de nos proteger dos sofrimentos.
Representamos bem o ‘início’ que é a fase da juventude, da ingenuidade, da inconsciência e da irresponsabilidade. Entre o início e o fim, representamos o ‘meio’ da existência. É a busca para encontrar o nosso lugar no mundo. É a fase de quando pensamos que somos quem pensamos ser. Sim, pensamos ser tudo o que vivemos e tivemos até então: Pais, irmãos, formação, profissão, casamento, filhos, moradia, situação financeira, raça, crença, esporte, entretenimentos e etc.
Nessa fase do ‘meio’ entre o nascer e o morrer, somos mesmo bons artistas representando mais o querer ter do que o querer ser. Nessa fase da vida voltada ao progredir, não ficamos a filosofar que nada se possui a não ser apenas a vida para ser vivida. Nem podemos porque as necessidades de recursos para a existência e sobrevivência nos impedem de filosofar. Também, isso de pensar ou refletir sobre os mistérios da vida, isso nós deixamos para mais tarde quando, atores como fomos, muito rimos, às vezes até choramos e o nosso teatro for se silenciando na expectativa de como será o fim da peça que representamos.
Por fim, na fase do ‘fim’ nossa representatividade no teatro da vida é sobre os incômodos pertinentes a perda da juventude e da maturidade. Interpretamos o perder da nossa notoriedade diante dos mais jovens. Personificamos a perda de quase todo o interesse que tínhamos nas fases anteriores de nossas vidas. Ficamos mais reflexivos e mais atentos aos pensamentos que se tornaram o nosso teatro interior que não sai de cartaz. Às vezes até pensamos em fechar as entradas do nosso teatro para que outros sejam impedidos de entrar para não nos aborrecer enquanto já estamos ensaiando o último capítulo de nossas vidas. Quando nossas cortinas se fecharem, se fomos bons atores, os parentes e amigos presentes no auditório se entristecerão pelo fim da peça encenada por nós.
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Altino Olympio