A minha iluminação
Não é bom viver neste mundo e ser igual aos outros. É preciso se diferenciar para que viver valha a pena. Aprendi isso depois que li sobre a vida do famoso Buda. Ele passou muitos anos de sua vida buscando pela sabedoria, isto é, viveu no mato sendo até mordido por carrapato, se banhou nos rios e etc. e viveu observando tudo o que acontecia com os outros por onde ele passava. Ele pensava que deveria ter o conhecimento sobre a vida para orientar o viver daqueles que tanto sofriam. Depois de passar de anos ele através de meditação profunda, finalmente obteve a iluminação. Ela lhe aconteceu quando ele depois de muito tempo esteve sentado no chão e encostado numa árvore e sob a sombra dela, conseguiu o que tanto queria, a iluminação.
Eu também quis ser como ele e por isso quis continuar a ser pobre para sofrer e ter o merecimento, que, parecia que os ricos não tinham. Nisso me lembrei que era mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino de céu. Passei então por vários anos da minha vida e sem ninguém saber, sob a sombra de uma bananeira, meditando profundamente também. Foi difícil porque a bananeira ficava próxima ao galinheiro lá de casa e as galinhas atrapalhavam a minha concentração. Quando elas faziam cocô o ruído parecia uma cuspida. O galo, então, vagabundo como era, para andar pelo galinheiro ele subia, trepava em cima das galinhas. Isso interferia muito com a minha concentração na meditação. Não só isso, o bode e a cabra berravam tanto e eu nunca soube porquê.
Mas, finalmente, num dia de tanto recitar mantras, sem eu esperar a iluminação me veio. Em poucos segundos fiquei tendo muita sabedoria. A primeira coisa que descobri foi que um mais um são dois. Precisei decorar tudo o que em poucos segundos aprendi, porque, como acontecia com todos os iluminados, eu teria que escrever vários livros para ensinar o povo a se concentrar, a jejuar e a meditar. O que melhor aprendi é que tudo o que uma pessoa fizer, tudo o que ela aprende na vida, seja ela simples, comum ou erudita ou mesmo iluminada, tudo dela vai ficar guardado num buraco lacrado na terra como aconteceu com todos os sábios que existiram.
Altino Olímpio