Tudo começa quando nos tornamos autoconscientes, isto
é, crianças ainda, percebemos o mundo, embora restrito ao meio
ambiente onde vivemos, quando quase tudo se restringe a nossa maneira despreocupada
de viver, pois sutilmente sentimo-nos protegidos por nossos pais, envolvidos
com a exploração do imenso desconhecido, amados como somos pelos
nossos entes queridos, graciosos a eles pela nossa inocência e ingenuidade,
vivemos nós naquele encantamento, inconscientes das agruras reservadas
pela vida futura.
Logo nos deparamos coma primeira e longa obrigação importante,
pois não há como evitarmos, pois é pertinente à
todas as crianças, adquirir instrução. Temos então
de ingressarmos na escola, onde vamos treinar nossa mente para desenvolver nossa
capacidade de raciocínio. As diferenças entre nós começam
a surgir, pois, sentimos as desigualdades quanto ao comportamento de uns alunos
e no melhor aproveitamento do ensino por outros.
A nossa inocência e a nossa ingenuidade de criança, preponderantes
até então, principiam a desvanecerem diante da nossa observação
referente ao desnível financeiro e intelectual entre os alunos, indiferente
aos fatores entre si.
Nosso condicionamento familiar foi ampliado pelos nossos contatos com outras
crianças e pelos professores, cuja responsabilidade é muito grande,
agravada pela precariedade atual de recursos do setor de ensino publico no país.
Muitos de nós, pelas circunstâncias desfavorecidas, ainda jovens,
precisamos trabalhar durante o dia e estudarmos à noite, intensificando
assim, a atenção ao nosso mundo externo, para evitarmos quaisquer
distrações, podendo as mesmas, levar-nos à sofrer possíveis
acidentes, fatais as vezes, nestes dias tumultuados desta época, quando
nos deslocamos para cumprir diariamente nossas incumbências.
Nas distancias percorridas para o trabalho ou para a escola, somos barbaramente
condicionados à conduções superlotadas onde, forçosamente
partilhamos com pessoas desprovidas de caráter e de respeito ao próximo.
Se por outro lado tivermos condução própria, talvez adquirida
com sacrifício pelos nossos pais, o preço dos combustíveis
e o transito violento, dificultam desenvolver nossas capacidades. Aqueles da
boa educação provinda do lar, sofrem o impacto ao assistirem cenas
lastimáveis e antagônicas à seus princípios, quando
de seus translados.
Movidos por nossa energia jovial, parecemos conviver com os transtornos impostos
pela sociedade, sem nos queixarmos pois, nas nossas conversas descontraídas
não transparece nosso descontentamento, porem transparece, inconsciência
circunstancial.
Por esses poucos exemplos, nessa fase de nossa existência já perdemos
quase totalmente a inocência e ingenuidade.
Já côncios da luta à empreender para nossa sobrevivência
muitas vezes desleal e cruel, a competição decepciona-nos.
Concernente a todos, já vislumbramos ser a existência, repleta
de problemas pertinentes à nossas responsabilidades.
Nossa vida esta amplamente condicionada às nossas ocupações
profissionais, cuja plena realização nem sempre depende das nossas
capacidades, como é notório naqueles bem sucedidos, favorecidos
por “influências”. Sendo assim, será possível
adquirirmos controle sobre nossa própria vida e destino?
Mas, nem tudo é desagradável, pois temos nossos sonhos e ilusões
de jovens para amenizar nossas preocupações quanto às dificuldades
de realização. Sonhamos com um destino melhor, amar e ser amado
por alguém, ter uma vida confortável e construir uma família,
baseada nos mais nobres ideais, pertinentes ao nosso condicionamento adquirido
até então.
Temos momentos de devaneios ao ouvirmos musicas, quando desfrutamos a companhia
de pessoas queridas, otimistas e alegres a quem muito estimamos. Também
temos latente o sentimento de dádiva pelo viver e viver por si só
e confortante.
O tempo nunca pára e não sabemos quando nos tornamos adultos pois,
não existe na nossa idade formal, um limiar para enquadrar o momento
consciente da lenta passagem da juventude para a maturidade, e essa passagem,
quanto ao tempo de existência de cada um, não é igual para
todos.
Talvez o amadurecimento principia ser perceptível, quando paulatinamente
vamos perdendo as ilusões e nossos sonhos aos poucos vão desvanecendo-se,
tendo como predominância, a cruel realidade existencial, quando começamos
a questionar sobre tudo até então aprendido, quanto sua aplicação
pratica no mundo o qual nos deparamos.
Nossos meios de comunicação (a mídia) nos bombardeiam com
transmissões tendenciosas com cenas visuais de violência, com cujas
quais, nos tornamos familiarizados e o pior, acatando-as como sendo comuns no
nosso viver, distorcendo-se assim, os valores reais existenciais.
As novelas de baixo nível colaboram para a desintegração
moral da família, dando muita ênfase à libertinagem, conquanto
dão enfoques destacados às intimidades sexuais, insinuam também,
intimidades sensuais com seres do mesmo sexo, quando não, extrapolam
insinuando relacionamentos incestuosos.
Esses péssimos exemplos, o povo a tudo assiste, comenta com indisfarçável
conivência e sem qualquer indignação, uma grande parcela
dele, copia-os.
Ainda persiste a pergunta: contudo, será possível adquirirmos
controle sobre nossa vida e destino?
Inconscientemente fomos sugestionados a conviver e participar de uma sociedade
de competição, comparação e individualização,
conseqüentemente resultando na desunião entre as pessoas, tornando-as
solitárias e desprovidas do sentimento de solidariedade. Só são
consideradas as pessoas de posses, as “vencedoras”. As menos favorecidas
são relegadas ao desprezo ou ostracismo, visto serem “fracassadas”.
É o mundo focalizado no “ter” ao invés do “ser”.
Na auto-avaliação - como fomos, somos ou seremos - surgem os estados
de abandono, causados pelo receio de não conseguirmos realizar nossos
anseios, mesmo os mais básicos.
Pelos desejos irrealizados, sentimos a vida confusa e desestruturada. Pertinente,
às vezes somos acometidos de angustia, sendo ela na maior parte das vezes,
para os mais fracos dentre nos jovens, o motivo principal para o envolvimento
com as dependências do vicio, complicando mais a nossa adaptação
ao acelerado desenvolvimento tecnológico da civilização.
O caos imperante no nosso país, sabemos, foi provocado pelos eleitos
lideres administrativos, aqueles preocupados apenas com seus anseios de “poder”
e enriquecimento ilícito.
São responsáveis pela nossa vida mais difícil e pelas insatisfações
perdurantes, cuja inquietação nos parece perpetua.
E o povo vive repetindo a palavra “democracia”, mas age como se
ela fosse um sinônimo de “baderna”.
Também somos aconselhados à ingressar nalguma religião
se não temos nenhuma, mas, suas teorias parecem inoperantes no cotidiano.
Conhecemos a síntese do Novo Testamento: “Amar o próximo
como a si mesmo e amar a Deus sobre todas as coisas”.
Repetidas diariamente, essas frases ficam só na teoria e jamais atuam
na pratica, conforme vemos.
As religiões... serão elas necessárias?
O mundo tornou-se barulhento, com seus habitantes falando demais, e o obvianismo
é preponderante onde eles estiverem.
Como podemos confrontar nossa existência com a atual realidade? Estaremos
preparados para a transição de jovens para adultos quando ela
ocorrer? Com nosso despreparo, duvidas, temores e indagações,
teremos condições para construir e mantermos uma família,
a célula da sociedade?
Enfim, quando formos adultos, talvez também não tenhamos tempo
e interesse para as... ... Reflexões da Juventude.