Oh! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida.
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores
Naquelas tardes fragueiras
À sombra das bananeiras
Debaixo dos laranjais...
Casimiro de Abreu 1837-1860
Ah saudosa infância!
Foi o deleite para o Casimiro.
Os dias eram mais longos...
Cantos melancólicos dos pássaros
E o silêncio das cigarras
Eram o anunciar do fim de mais um dia.
No entardecer antes do escurecer
Havia uma pausa na natureza
Quando o mundo parecia parar
Para logo adormecer na escuridão.
Noites silenciosas se não chovia
O molhar era só do xixi na cama.
Barulho, só se o cachorro do vizinho latia.
O cheiro do café da mama já era o amanhecer,
Pão com manteiga, calor do fogão a lenha...
Cabritinho com seus berrinhos lá depois da horta,
Meu querido amiguinho das travessuras animais
Do pula daqui e pula dali me dava chifradinhas.
Triste e fatal, ele só viveu até um dia antes do dia de Natal.
Parte da manhã e a única obrigação era frequentar a escola,
Sanduíche de pão com ovo frito para o recreio era delicioso.
Garoto gostava de chutar lata vazia pela rua,
Naqueles tempos do não saber o que se ia ser quando crescer
No chutar lata vazia pela rua todo o pensamento sumia
Para o que eu iria ser que eu ainda não sabia o que queria.
Infância... Quem bem a entendeu foi Casimiro de Abreu.