25/10/2017
Neste mundo tem gosto pra tudo

Um contagiante entretenimento era o ouvir programas de rádio. Boas músicas se ouviam, notícias do país e até as novelas radiofônicas eram uma distração agradável sem distorcer a moral que era bem avaliada. Mais para os homens, o futebol irradiado os encantava. Era quando muito se ouvia falar do goleiro Cabeção (depois Gilmar), Homero e Olavo, o famoso trio da defesa do time de futebol do Corinthians e de seus atacantes, Claudio, Luizinho, Baltazar, Carbone e Simão. Para seus divertimentos a maioria se dedicava a ouvir rádio, frequentar os clubes onde diretamente se podia participar dos esportes ou se distrair ao assistir outros participarem. Ah, os bailes, “os grandes bailes” abrilhantados por boas orquestras eram emocionantes. Baile da primavera, baile de formatura, baile de reveillon, baile de carnaval e etc. Era a época em que as estações de rádio imperavam no atrair das atenções, pois, reinavam sem qualquer concorrência auditiva.

Mas, uma mudança do cotidiano estava por ocorrer. Em 1950 surgiu no Brasil o primeiro canal de televisão, a TV Tupi na Cidade de São Paulo. Ela veio para conquistar todos os habitantes deste nosso país. Depois surgiram outros canais de televisão e no início dessa transmissão audiovisual, tudo parecia ser um bem público sem consequências danosas aos telespectadores. Entretanto, os clubes que promoviam entretenimento para os seus associados foram se esvaziando deles, devido à distração com que a televisão difundia para mais mantê-los em suas casas. O contato humano também se enfraqueceu. Ficou sendo preferível deixá-lo, para quando, “por coincidência”, os parentes, os amigos e os conhecidos se encontrassem em algum lugar. A televisão veio mesmo para modificar ou mesmo para prejudicar muitos costumes saudáveis que ficaram saudosos. Aquele costume das pessoas se visitarem em suas casas, quando, entre conversas se atualizava sobre os fatos decorrentes dos dias passados, esse costume também se perdeu para o ganho do costume de assistir televisão.

Quanto às estações de rádio, mesmo após perder parte de sua audiência, elas permanecem ativas e ouvidas até hoje. Mas, atualmente, estão ausentes naquelas estações de frequências moduladas (FM) as boas músicas. Aquelas que até acalmavam os ânimos ao ouvi-las. Em escritórios, em restaurantes e em outros ambientes eram comuns a sintonização com as estações de rádio transmitindo em FM melodias agradáveis, extensivas para todos que estivessem presente para ouvi-las. Infelizmente, como tudo muda e no mais das vezes para pior, agora as estações de rádio “caíram de nível”. Elas deixaram sem opção de entretenimento radiofônico para quem não se importa com futebol e nem com religião radiofônica.

Quase todas as estações de rádio possuem “cientistas” locutores para explicações sobre futebol, isso, diariamente. Falam e falam como se essa paixão nacional e mundial fosse à única razão para se viver. Programas sobre religião, então... Penso ser melhor mudar de assunto aqui, porque senão, minha mente vai ficar divagando sobre cultura e isso não faz parte deste texto. Aquelas estações de rádio que se dispõe a irradiar músicas, então... Fazem-me lembrar do passado de quando elas, de fato, eram desejosas de serem ouvidas. Resumindo, parece que não há mais nada para se ouvir do rádio. Ficar ouvindo os cachorros dos vizinhos latindo, embora irritem, parece que está sendo a melhor opção (risos). Sobre os programas de televisão... Creio ser melhor terminar de escrever este texto porque ele já está “comprido”. Pra que então continuar a discorrer sobre assuntos que nada contribuirão para frear ou modificar o que sejam inutilidades e desagradabilidades transmissivas desta época?

 

Altino Olympio

 

 



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