Em tema anterior (NOSSOS LIXOS) fizemos uma referência
simbólica sobre o ser humano como sendo ele um universo em miniatura
que puxa para si o todo participar de sua existência sendo então
seu condicionamento.
Como insinuamos, o “puxa para si” seria o mundo de cada um com o
qual teria que conviver para sempre sem conseguir apagar completamente o que
sua memória registrou ou reteve.
Tem gente perdida na paixão pelo sofrimento e ressentimentos e sempre
ao rebuscá-los na memória, faz com que os mesmos se cristalizem,
tornando-os desproporcionalmente ampliados, mais atuantes e constantes do que
deveriam. Essa gente que por muitos é evitada é chamada de gente
negativa, também porque, “atrai coisas ruins”, isso, no dizer
de muitos.
Se observássemos com mais atenção uma
dessas pessoas, poderíamos perceber como ela é vítima de
suas próprias lamentações e parece gostar de sofrer com
o mundo de dentro dela povoado por tudo que deu guarida, principalmente , mais
sendo ressaltados seus rancores para ficar remoendo-os.
Uma pessoa assim em sua auto-importância indevida sempre está pronta
para expor seus dissabores entre outros e atraindo para si as atenções,
monopolizando a circunstância se colocando como sendo o foco principal
da existência. Não percebe que o pessimismo de seu mundo mal resolvido
desagrada a outros ouvir se eles nada podem fazer por ela por suas insolúveis
questões subjetivas só suas.
O mundo de cada um é como cada um se programou, se deixou
e se deixa programar. Uma das causas cujos efeitos são as já comuns
depressões sentidas hoje por muitas pessoas, é o fato delas não
mais se encontrarem em seus pensamentos, sendo eles alvos de bombardeios da
sistematização imposta nestes dias, tornando nossas individualidades
anônimas para si mesmas.
O “Deus nos acuda” para muitos é tentar recuperar suas individualidades
rememorando o passado onde se encontravam notados nos fatos ocorridos para fugirem
do não se ser notado nos fatos de hoje, neste viver de igualados cada
vez com menos destacados ou destacados como mais igualados.
Esse vazio existencial promove em muitos seus descontentamentos por terem permitido
serem invadidos por tantas informações e imitações
divisoras de suas integridades e ficam na vida culpando os outros que são
vítimas iguais.
Pensando nisso, ressurge na lembrança o cantor Taiguara cantando: “Eu
desisto, não existe essa manhã que eu perseguia, um lugar que
me dê trégua onde sorria, uma gente que não viva só
pra si. Só encontro gente amarga mergulhada no passado, procurando repartir
seu mundo errado, nesta vida sem amor que aprendi...”
Se antes de engolimos para o nosso mundo “coisas”
sem valor e outras com conteúdos torturantes, filtrássemos tudo
só deixando passar o que fosse útil como experiência, conviveríamos
melhor com o nosso mundo particular sem ser ele, abarrotado por insignificâncias
e extensa procissão de decepções convividas do passado
que afloram nos presentes subseqüentes dos dias, impedindo se estar no
presente como ele é e se apresenta para a nossa “consciência
do agora” sendo o que mais importa.