Qualquer pessoa se sente sabendo quem e como é, talvez
porque temos um nome dado por outros, um rosto diferente, impressões
digitais particulares e um número de registro geral (RG). Mas são
pertinentes ao nosso corpo e não refletem quem e como somos na realidade.
Nascemos no seio de uma família e apesar da hereditariedade genética,
somos diferentes de nossos pais e irmãos. Cada um adquire uma personalidade
diferente do outro. Caráter também é outro fator diferenciador
entre pais e filhos e irmãos.
Embora se vive muito tempo no mesmo ambiente com outros da mesma família,
não é igual o condicionamento de cada um, pois, as atitudes, comportamentos
e os pensamentos e opiniões, também não são iguais,
mesmo se são coincidentes algumas vezes.
Pelo decorrer da vida e se ela é um teatro e todos nós
somos atores como disseram alguns filósofos, se deixássemos de
ser atores será que nós nos veríamos como somos na realidade?
Segundo aqueles filósofos de outrora, nós sempre estamos representando.
Só a sós sem se estar vigiado, nós somos nós mesmos
com nossos trejeitos e nossos pensamentos. Daí, a gente se lembra de
lembrar dos pensamentos se pensamentos são nossos mesmo ou se os captamos
de outros que estão pela atmosfera. Seria mesmo?
Nós, como seríamos originais mesmo com pensamentos
originais? Alguém já se viu assim? Eu ainda não, tudo o
que penso ou já pensei já foi pensado por outros.
Então, eu como eu mesmo, acho que não existo. Que merda!
Ao falar com alguém eu diria: se você sabe que você é
você, isso me traria inveja.
EUREKA! Descobri, eu existo sim. Porém, eu não sou eu mesmo, eu
sou nós e nós sou eu, eu sou vocês e vocês são
eu e ainda bem, vocês são legais, bonitos, inteligentes e honestos.
Nunca mais me sentirei sozinho e nem direi isso.
Puxa-vida, isto foi mesmo um devaneio sem reflexão.
Esta mania de viver coçando o saco resulta nisso.