Natureza bela
Nós que somos daqueles dos mais antigos somos descendentes do catar, mas, não do país Catar que fica na Ásia. Somos descendentes e remanescentes do catar coquinho na mata, catar pinhão, catar goiaba, catar morangos silvestres, catar amoras, catar ingá da beira do rio, catar cana do canavial de alguém, catar ameixas, catar minhocas para pescar, catar lenha para o fogão, catar orquídeas, catar pedrinhas de gelo que cai com a chuva de pedra, catar cocô de galinha para ser esterco na horta e etc. A natureza fora prodigiosa com os seus atrativos frutíferos abundantes e com os seus atrativos visuais diurnos.
À noite também a natureza nos premiava com o escuro e com o silêncio como se fosse para embalar nossos anseios antes de dormirmos e sonharmos. À noite no aconchego do lar havia a invasão dos pernilongos, que, com os seus zumbidos interferiam com o que estivéssemos pensando ou tentando adormecer. Entretanto, na escuridão de fora de casa, ao se olhar para cima se via infinitos pedacinhos de luz que eram as estrelas que não eram vistas durante o dia. Os vagalumes da noite com os seus aparecer e desaparecer por causa do ascende e apaga de suas luzinhas, pareciam ensinar que observá-los sem pensar e sem nada querer era uma meditação. E o escuro atraia também o canto da coruja.
A natureza era o teatro romântico que inspirava os poetas a escreverem versos sobre ela. Nas noites silenciosas de penumbra ocasionada pela claridade da lua cheia que percorria pelo céu, provocava reflexões das mais diversas conforme a subjetividade com que cada pessoa “via” ou sentia a vida. Nestes tempos atuais de agitações e de discórdias que envolvem a humanidade, parece que ninguém mais “perde tempo” em apreciar a natureza. Parece que uma neblina se interpôs entre ela e os homens encurtando-lhes a distância de suas visões tornando seus olhos impedidos de “verem” a simplicidade de viver que perderam. Isso, por se sentirem indiferentes à natureza que agora tem seus valores esquecidos.
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Altino Olimpio