A idade de oitenta anos não tem o mesmo efeito para todos. Nessa idade tem quem a tem como a idade das melhores reflexões. A maioria apenas continua a viver sem refletir sobre o mundo, sobre a vida e sobre si mesma. Nessa idade que para a maioria dos que a possuem ela já beira a morte, a morte é bem mais lembrada do que quando se é mais jovem. Em 2019 a média de longevidade brasileira era de 76.6 anos. Entretanto, benvinda é a idade de oitenta anos, que, ultrapassando a média nacional de longevidade, ela me tem provocado pensamentos sobre o passado e como estou neste presente referente aos meus enganos e desenganos ocorridos na vida.
Nessa fase da vida pode estar o deixar das ilusões, o deixar das superstições, o deixar das vaidades, o deixar dos desejos, o deixar das ambições, da esperança e até o deixar da importância que sempre se pensou ter neste mundo onde só ele nos é a importância. Não é ele que vive em nós, nós é que vivemos nele. Mas, de donde veio a ideia de que somos importantes sendo como somos imperfeitos, tendo muitos defeitos iguais a de muitos outros? Talvez a nossa importância tenha vindo da preferência que, como acreditam, Deus tem por nós, os seres humanos e que, como dizem todos têm uma missão “importante” a cumprir nesta vida cheia de percalços.
Cada pessoa tem seus próprios pensamentos sobre a vida ou até mesmo nem os tenha. Uma pessoa inteligente e realista não tem certezas sobre o que, como e pra que é a vida neste mundo ou no outro, o mundo sobrenatural ou transcendental que, além de não ter objetividade neste nosso mundo que é repleto de fantasias humanas que são “coisas” estranhas ao âmbito da realidade.
Na idade de oitenta anos, menos ou mais, como exemplo aqui, ao se lembrar sobre a aproximação da morte, isso muda as nossas prioridades. Tal idade avançada mais está para o se esvaziar do que se preencher com conceitos outros. O desaprender torna-se mais importante que o aprender. O calar se torna mais necessário do que o falar (risos). Enfim é na velhice que se adquire maior compreensão do que seja útil ou inútil para o viver neste mundo donde nada é permanente e nem ninguém. Quanto aos que se queixam da velhice seria bom que eles se lembrassem daqueles que morreram jovens ainda e não tiveram a mesma sorte de outros que viveram ou que vivem por muito mais tempo.
Altino Olimpio
Aqueles que se queixam da velhice deveriam se lembrar daqueles que morreram antes de ficarem velhos e não tiveram esse privilégio.