A consciência é um atributo singular, distinto
do ser humano. O desenvolvimento do que se tornou conhecido como psicologia
profunda foi a mais bem sucedida tentativa de investigar o estado conhecido
como consciência no homem. A psicologia profunda baseia muitas de suas
teorias nas conclusões de muitas escolas de pensamento sobre a natureza,
propósito e função da consciência humana. Naturalmente,
existem escolas de pensamento que contestam a consciência, como é
o caso do “behaviorismo” que a considera assim: o que se entende
por consciência não passa duma série de reações
reflexas, que são respostas fundamentais do sistema nervoso. Behaviorismo
é o restringir da psicologia ao estudo objetivo dos estímulos
e reações verificados no físico, com desprezo total dos
fatos anímicos, os fatos que pertencem à alma. Behaviorismo descarta
funções espirituais.
Toda uma encarnação é predominantemente
um período de consciência. Os conceitos de consciência dos
três principais expoentes da psicologia profunda, Freud, Adler e Jung,
tornaram-se fundamentais à suas teorias e à aplicação
que fizeram de seus estudos e pesquisas psicológicas. A psicologia de
Jung é um sistema que trata dos problemas fundamentais do ser e, como
tal, é um sistema psicológico, embora esteja relacionado de muitos
modos com ciência, religião e filosofia. Do mesmo modo que a biologia
é a ciência que lida com o corpo físico, assim, a psicologia
toda abrangente de Jung constitui uma ciência do organismo vivo da psique.
Para se compreender Jung, deve-se saber que por “psique” ele denotava
“a totalidade de todos os processos psicológicos, tanto conscientes
como inconscientes”. Isso é quase sinônimo do conceito popular
de “ego” que em outras terminologias é o Eu subconsciente,
diferenciado do Eu consciente ou Eu objetivo.
Em certo grau, Jung anteviu a importância do desenvolvimento
individual. Atualmente há uma tendência de tornar coletivos os
valores, de preocupar-se com o todo, seja com respeito à civilização,
seja com respeito à tecnologia que em certo sentido perdeu a ligação
com o Eu individual ou a alma do ser individual. Embora os sistemas políticos
tendam a subordinar o valor do indivíduo ou sua dignidade, devemos compreender
que o desenvolvimento individual, coerentemente é a chave do crescimento
pessoal. Nesse contexto Jung disse: “Essa transformação,
porém, só pode ter início com o indivíduo, pois
as massas são bestas cegas”. Se o indivíduo se transformar
na consciência do poder da eficácia do Eu interior, compreenderá
que possui uma fonte à qual pode recorrer.
Pelo desenvolvimento da consciência do seu Eu interior, ele retornará
ao que as religiões têm chamado de semelhança a Deus, isto
é, à natureza do ser divino da qual o indivíduo procedeu.
A responsabilidade e a tarefa da cultura ou do futuro da humanidade são
definitivamente responsabilidade e obrigação do indivíduo.
A sociedade geralmente é inferior ao indivíduo, fato mencionado
por Jung quando diz que a sociedade tende mais a agir como animal que como ser
humano, como entidade inteligente.