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13/01/06
Nosso Lado Invisível - Parte 1

A consciência é um atributo singular, distinto do ser humano. O desenvolvimento do que se tornou conhecido como psicologia profunda foi a mais bem sucedida tentativa de investigar o estado conhecido como consciência no homem. A psicologia profunda baseia muitas de suas teorias nas conclusões de muitas escolas de pensamento sobre a natureza, propósito e função da consciência humana. Naturalmente, existem escolas de pensamento que contestam a consciência, como é o caso do “behaviorismo” que a considera assim: o que se entende por consciência não passa duma série de reações reflexas, que são respostas fundamentais do sistema nervoso. Behaviorismo é o restringir da psicologia ao estudo objetivo dos estímulos e reações verificados no físico, com desprezo total dos fatos anímicos, os fatos que pertencem à alma. Behaviorismo descarta funções espirituais.

Toda uma encarnação é predominantemente um período de consciência. Os conceitos de consciência dos três principais expoentes da psicologia profunda, Freud, Adler e Jung, tornaram-se fundamentais à suas teorias e à aplicação que fizeram de seus estudos e pesquisas psicológicas. A psicologia de Jung é um sistema que trata dos problemas fundamentais do ser e, como tal, é um sistema psicológico, embora esteja relacionado de muitos modos com ciência, religião e filosofia. Do mesmo modo que a biologia é a ciência que lida com o corpo físico, assim, a psicologia toda abrangente de Jung constitui uma ciência do organismo vivo da psique. Para se compreender Jung, deve-se saber que por “psique” ele denotava “a totalidade de todos os processos psicológicos, tanto conscientes como inconscientes”. Isso é quase sinônimo do conceito popular de “ego” que em outras terminologias é o Eu subconsciente, diferenciado do Eu consciente ou Eu objetivo.

Em certo grau, Jung anteviu a importância do desenvolvimento individual. Atualmente há uma tendência de tornar coletivos os valores, de preocupar-se com o todo, seja com respeito à civilização, seja com respeito à tecnologia que em certo sentido perdeu a ligação com o Eu individual ou a alma do ser individual. Embora os sistemas políticos tendam a subordinar o valor do indivíduo ou sua dignidade, devemos compreender que o desenvolvimento individual, coerentemente é a chave do crescimento pessoal. Nesse contexto Jung disse: “Essa transformação, porém, só pode ter início com o indivíduo, pois as massas são bestas cegas”. Se o indivíduo se transformar na consciência do poder da eficácia do Eu interior, compreenderá que possui uma fonte à qual pode recorrer.
Pelo desenvolvimento da consciência do seu Eu interior, ele retornará ao que as religiões têm chamado de semelhança a Deus, isto é, à natureza do ser divino da qual o indivíduo procedeu.
A responsabilidade e a tarefa da cultura ou do futuro da humanidade são definitivamente responsabilidade e obrigação do indivíduo. A sociedade geralmente é inferior ao indivíduo, fato mencionado por Jung quando diz que a sociedade tende mais a agir como animal que como ser humano, como entidade inteligente.


Altino Olímpio