Quando garoto ainda, estava eu cagando atrás de uma bananeira quando um ser imenso me apareceu. Fiquei paralisado de medo diante daquela surpresa inusitada. Sua luz era tão brilhante que, mais ainda clareou aquele dia de sol forte. O mundo parece que parou naqueles instantes. Nenhum ruído se ouvia. Até meus pensamentos sumiram. Em sua magnitude, o surpreendente ser brilhante aproximou-se mais e com sua voz ecoando pelos espaços me disse: PENSE SEMPRE, RACIOCINE, DUVIDE SEMPRE, PENSE, PENSE, RACIOCINE, RACIOCINE! Depois a imagem dele foi-se esvaindo até sumir. Voltei a ouvir ruídos, cantos de pássaros e de cigarras e percebi de novo que o mundo estava a girar. Olhei para aquela bananeira com carinho porque me lembrei que o Buda teve sua iluminação debaixo de uma árvore e eu tive aquela visão extraordinária estando atrás daquela bananeira enquanto evacuava proceder de políticos. E de fato, depois daquela visão daquele ser de luz, minha vida foi sempre pensar, refletir e raciocinar. Pra mim, água sempre foi água e vinho sempre foi vinho. Jamais um se transforma no outro. Os que não pensam, os irrefletidos, estes sim, podem acreditar em transformações impossíveis. O meu sempre raciocinar impediu que eu num voto de eleitor fosse cúmplice de um imbecil qualquer que depois de eleito fosse demonstrar sua habilidade no manejo de suas falcatruas políticas. Bem que “Ele” falou: Vigiai, vigiai sempre. E por acaso alguém vigia alguma coisa? Muita coisa acontece debaixo do nosso nariz e nós não vigiamos, não discordamos. Depois não adianta espernear e os desabafos nas passeatas de protesto são de pouca eficácia, assim como tem acontecido. Hoje, por demais, existem descalabros na nossa existência, também por culpa da insensatez daqueles desprovidos de raciocínio, que, pelo voto legalizaram parasitas para se exercerem no poder legislativo e executivo deste país. Se muitos eleitores tivessem tido na vida uma bananeira para suas caganeiras, talvez, também eles tivessem tido a presença de um ser de luz que os orientasse a ter raciocínio, para se safarem de serem coniventes com os inconvenientes de nossa política.