23/10/2006Só Contra a Ignorância – Parte 3Um dizer de Espinosa: A escritura não explica as coisas pelas suas causas secundárias, mas apenas as narra na ordem e estilo que tem mais poder de levar os homens, e especialmente os homens sem instrução, à religião... Sua finalidade não é convencer a razão, mas atrair e dominar a imaginação.
Até aqui, o texto fez parte do programa de rádio, mas, não o a partir daqui.
Espinosa, pensador profundo e filósofo, foi apenas mais um dentre outros iguais a ele, interessados em desvendar as verdades procurando-as nas mentiras. Sua excomunhão, ao contrário do que lhe desejavam, só o favoreceu para se tornar melhor e em inteligência se sobrepor àqueles que o excomungaram. Comprovou que, às vezes ser expulso de uma instituição pode ser um motivo de orgulho, especialmente se a instituição ou religião esteja contaminada por dogmas retrógrados e inversos da realidade, contrários à evolução da inteligência humana. O conhecimento de Espinosa estava muito além do “conhecimento” dos ignorantes daquela época como, continua além do conhecimento dos “inteligentes” desta.
Outros como ele, se desdobraram em suas profundas reflexões e as disseminaram através dos livros que escreveram. Alguns sofreram perseguições porque, seus escritos contrariaram os “donos das verdades” de seus tempos, principalmente aqueles investidos como autoridades, para só eles terem o conhecimento para propalá-las, cúmplices e amparados como eram pelo poder vigente de domínio das massas. Era preciso muita coragem para desafiar o poder que detinha o monopólio das verdades pré-estabelecidas. Nisso, o Nietzsche (1844-1900) não só desafiou tal poder de sua época quanto as suas verdades, como também, atacou-o violentamente em seus escritos. A fuga ou a condenação de desterro do país em que nasceram e viviam, eram comuns para os desafiadores das “verdades oficiais” para o povo, ditas pelos contemplados com uma autoridade “incontestável” para isso.
Hoje, filósofos ou pensadores, muito lidos e encontrando concordâncias em suas idéias esclarecedoras pelos seus admiradores, parece, só servem para o deleite dos seus intelectos e para as suas vaidades de demonstrar cultura. Se não todos, muitos continuam ainda com muitas “verdades tradicionais” que abarrotam a mente. Continuar acreditando no contrário do que concordaram com os filósofos é-lhes mais simples e mais fácil, pois, isso evita o “trabalho e o desgaste” mental a ser ocasionado por uma reflexão a desafiar as verdades que a fé leva-as a seguir.
Obs: As partes um e dois deste resumo sobre uns fatos da vida de Espinosa estão contidas no livro “A Filosofia de Espinosa” do autor Will Durant e da Editora Ediouro.
Altino Olímpio