Consciência Cósmica

Quem gostaria de ter um nível mais alto de consciência? Existe outro nível de consciência que seja superior ao nível atual da humanidade e que possa ser considerada como sendo uma iluminação? Sabe-se que existe diferença entre os homens, existem os inteligentes e existem os que não são inteligentes e até mesmo os ignorantes. Mas, inteligentes ou não, todos possuem a autoconsciência, diferente dos animais que possuem consciência simples.

Em 1872, com trinta e cinco anos de idade, o psiquiatra canadense Richard Maurice Bucke (1837-1902) passou por uma experiência mística considerada por ele como tendo sido um lampejo superior de consciência, isto é, uma expressão momentânea de inteligência posteriormente denominada por ele de consciência cósmica, que, marcou para sempre a sua vida. No livro que escreveu em 1901 “Consciência Cósmica” ele explicou que após passar a noite em companhia de alguns amigos lendo alguns autores, especialmente o famoso poeta americano Walt Whitman (1819-1892) estava ele voltando para casa quando ‘de repente’ sentiu-se envolto numa nuvem da cor de uma chama.

Percebeu, então, que a nuvem ou claridade de uma chama estava em seu interior. Logo lhe veio um sentimento de intensa felicidade acompanhado de uma iluminação intelectual impossível de descrever e que desde então iluminou a sua vida. Afirmou que aprendeu mais naqueles poucos segundos que durou a experiência do que nos anos anteriores de estudo e que aprendeu muitas coisas que nenhum estudo poderia ter-lhe ensinado. A iluminação lhe durou por apenas poucos momentos, mas, seus efeitos mostraram-se permanentes. Aquele acontecimento incomum ou extraordinário nunca se repetiu, contudo, ele tinha sido iniciado numa ordem superior de ideias ou conceitos. 

Bucke, ao descrever em seu livro o fenômeno que ele chamou de “consciência cósmica” concluiu que se tratava do próximo nível de consciência que a humanidade com o passar do tempo iria atingir ou alcançar. Ele incluiu em seu livro o estudo que fez de vários indivíduos que passaram pela mesma experiência que ele, como também personagens históricos, o Buda, Jesus, São Paulo, Maomé, Francis Bacon, Wiliam Blake, entre outros. Entendeu ele que o processo de desenvolvimento espiritual é inerente à natureza como algo natural e inevitável. Argumentou que o ser humano está destinado a evoluir e, ao longo desse longo processo atingirá o próximo nível de consciência, a consciência cósmica. Sendo ela a mais nova faculdade humana, apenas algumas pessoas a manifestam atualmente, mas, esse número tenderá a aumentar ao longo do tempo. 

Mas, será mesmo que tudo será fácil assim? Nesta época tão conturbada em que vive a humanidade, ainda existirão pessoas que estejam livres das distrações e inutilidades divulgadas pela mídia e pela tecnologia moderna dos telefones celulares com seus aplicativos sociais que dificultam o refletir e o meditar sobre o que valha a pena para poder evoluir? Desde que o psiquiatra Richard Maurice Bucke em 1901 compôs o seu livro já se passaram mais de cento e vinte anos. Se sabe se alguém nesse período tenha tido a mesma experiência que o médico canadense teve, isto é, tenha também obtido a consciência cósmica? O prognóstico do Bucke que futuramente todos serão agraciados com a consciência cósmica, talvez tenha sido otimista demais.

Altino Olimpio