*Somos só enquanto ainda somos* Parecia impossível que ainda se pudesse se lembrar de “coisas” tão simples e tão insignificantes que ficaram há tantos anos lá no tão distante passado. Tais insignificâncias reaparecem na mente quando no presente algum estímulo descerra as cortinas que ocultam na memória fatos tidos como desaparecidos da recordação.
Como exemplo, um copo de vidro pode cair ao chão e se partir e instantaneamente vem a surgir na mente um copo que caiu e se quebrou na casa de alguém e faz muito tempo. O copo que caiu, neste tempo presente, isto é, sendo o estímulo, ele trouxe do passado essa lembrança, inclusive, com as imagens de como tudo aconteceu naquele dia na casa daquele alguém. Interessante como tudo o que aconteceu na vida de uma pessoa, sejam fatos por mais simples e corriqueiros que tenham sido ou importantes, tristes, alegres, emocionantes, preocupantes, decepcionantes e etc., tudo fica registrado no cérebro mesmo que nunca pessoa alguma se lembre de tudo o que lhe ocorreu na vida.
Mas, repetindo, incrivelmente, mesmo fatos tão insignificantes e até considerados como inexistentes ou já ausentes na memória, eles continuam nela e devido a algum estímulo eles reaparecem na mente ou consciência. Cada ser humano é tudo o que está registrado em seu cérebro, a sua individualidade e a sua identidade que formam a sua personalidade. Pode-se dizer que cada ser humano é como é o seu cérebro. Intrínseco nele estão as crenças e as descrenças que ele possui, a moral, o raciocínio e etc. perfazendo tudo o que ele mesmo pensa em como ou quem ele é. Só mesmo no cérebro físico é que o ser humano se existe como ser humano consciente.
Quando ele morre tudo o que está registrado ou arquivado em seu cérebro perece também conforme sua consciência é destruída. A morte é como se fosse um regresso ao nada que se era, é como se fosse um regresso ao ainda não existir do antes de nascer e do antes de existir aqui neste mundo repleto de imaginações e indagações humanas sobre os seus destinos finais.
Altino Olimpio