19/04/2006
Curtinha Nº 4

Na luta de toda uma vida, os anos entre o nascimento e a morte não passam de ser capítulos da nossa novela particular pelas mudanças que vão provocando em nossa personalidade sem sair da prisão que cada um constrói para si. Nossa prisão é o nosso condicionamento, a “programação” de que fomos vítimas ingênuas e inocentes e a programação adquirida depois de sermos “conscientes”. Na juventude somos um corpo vibrante com energia parecendo ser inesgotável. Na maturidade gastamos muito de nossa energia para conquistar o “nosso lugar” neste mundo. Na velhice, nossa energia já enfraquecida é dirigida para enfrentar as doenças e o nosso intelecto fica apaixonado por conversar sobre elas e querer saber de quem já foi. No lugar que conquistamos pensando nele ser ainda nosso, parecemos estar sendo desagradáveis para outros ao nosso lado que o destino nos trouxe. As atualidades do cotidiano ficam sem graça e nenhum interesse parece ter. Aí, felizmente, temos o nosso refúgio particular. Com o pensamento podemos “viajar” e desfrutar do nosso condicionamento, da nossa programação de até então. Mas, que decepção! Em todas as “estações” só encontramos bosta para o turismo de nossa fuga do presente tão indiferente. Todos os capítulos de nossa vida são como um livro escrito que devemos levar para o céu depois que morremos. Com tanta bosta assim, será que tem céu que agüenta? As minhas já são insuportáveis, imaginem só misturadas com as dos outros. Ah não! Não quero ir para lá e nem voltar para cá. Talvez um estado de coma seja a única solução e salvação.

Altino Olímpio

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