A humanidade vive em conflito porque é prisioneira
do mundo das aparências. Enganada e distraída pelos cinco sentidos,
sendo eles a audição, visão, tato, paladar e olfato, desconhece
outros recursos ou possibilidades que complementam o ser humano.
Podemos chamá-los de “sentidos internos” e são citados
como intuição, inspiração, palpites, prevenção,
numa alusão ao “anjo da guarda” de cada um. Tais sentidos
internos as “antigas” Sociedades Secretas, “teoricamente”,
ensinavam como desenvolvê-los ou aprimorá-los para se manifestarem
mais habitualmente, diferente de suas manifestações ocasionais,
esporádicas e surpreendentes. Dizem que quem se sujeita a exercitar suas
capacidades ou “poderes” internos, diferencia-se e afasta-se dos
demais.
Numa simbologia, é como se alguém mais evoluído que a maioria,
sozinho subisse até o topo de uma montanha e de lá olhando para
baixo pelo planalto ao redor dela, ficasse observando os seres humanos comuns
vivendo em suas atividades comuns. Ele familiarizado com tudo da maioria e a
maioria desconhecendo tudo dele.
O subir da montanha requer esforço próprio e para isso intermediários
são inimigos.
O que se assiste do alto da montanha? Tudo o que contradiz a “superioridade”
humana.
Assiste-se homem explorando homem, roubos, corrupção, assassinatos,
desempregos, fome, analfabetos, politicagem, disputas, desamparo, desespero,
carências, doenças, consumo, poluição, destruição,
mentiras, insultos, brigas, difamações, fofocas, traições,
violências, orgulho, racismo, preconceito, hipocrisia, vaidade, poder
e etc.
Em dias festivos se vê também idiotas demais estourando bombas
como que pedindo socorro para suas loucuras incuráveis, essas de perturbar
o silêncio, uma condição desaparecida que os ignorantes
não gostam por serem barulhentos como são suas cabeças
recheadas de desnecessidades, elas que estão espalhadas no povo.
Ainda na simbologia, quem subiu ao topo da montanha e teve
vislumbres do que um ser humano pode alcançar, nunca mais será
o mesmo pra quando descer e voltar ao planalto e misturar-se com os outros.
Muito do que é significante para outros, para ele tornou-se insignificante
e os outros que não entendem, insistem em atraí-lo para suas insignificâncias.
Conseqüentemente, evitará aglomerações, discussões,
obvianismos, atropelos das viagens dos feriados, laser, entretenimentos, não
mais terá identificações com coisas ou pessoas, buscará
o silêncio e a solidão, poderá mudar de alimentação,
desprezará as ilusões e as superstições, as vaidades,
a notoriedade, não gostará de interferências em seus momentos
de introspecção, não fará questão de amizades,
só aquelas de mútuo trocar experiências.
Como foi sumariamente explicado, se sabe agora porque poucos
tentam “escalar a montanha”. Os que vivem de sensações
não querem perder suas ilusões, suas emoções, o
agradar dos instintos e suas tentações, essas paixões de
suas vidas que são a felicidade das pessoas comuns desconhecedoras da
felicidade que poderia estar dentro delas, independente das atrações
visuais, auditivas, tatuais e degustativas do viver material.
Bem! Pelo menos, muitos conhecidos nossos, já escalaram o Pico do Jaraguá
e essa façanha já é um bom começo, pois, despertou-lhes
a curiosidade de ler isto que foi escrito até o fim.