Uma lembrança que a memória não esqueceu
No início da década de cinquenta do século passado (mais ou menos em 1955) a meninada local do Bairro da Fábrica de Papel da Cidade de Caieiras que iria ser emancipada em 1958, vivia com toda a liberdade de ir e vir para onde quisesse, pois, o local era tido como inexistente de violência. A garotada indo para cá ou para lá, de vila em vila, acostumada a andar descalça, quase todos os garotos portavam nos bolsos de suas calças pequenas pedras e o estilingue para arremessa-las nos alvos que escolhiam.
Naqueles tempos passados, existia também a Vila Pereira, que era apenas uma rua só tendo casas de um dos lados dela. Caminhando do início até o fim dela, as casas ficavam do lado esquerdo da rua. Só no fim da rua e do lado direito dela é que existia uma casa dupla. Numa delas morava a família Corradini e na outra, o casal Vitório e Cila Baboim. Quase na metade da rua, defronte as casas do lado esquerdo havia também um banheiro comunitário. Ao lado dele havia um caminho que passava por sobre um riacho que vinha lá da chamada piscina dos alemães. O caminho continuava bem íngreme e era “asfaltado” com borras de cal e terminava defronte à escola local do então, Bairro Chique.
Vamos então para uma lembrança! Do lado de fora do banheiro e do lado que dava para a rua da Vila Pereira, havia uma pia de louça cimentada na parede. Naquele dia eu estava só naquele local e por estar com os pés encardidos de poeira, resolvi levantá-los até a altura da pia para lavá-los. Aí me veio um susto. Daquela rua deserta daquela hora, ouvi um grito raivoso de alguém: PORCO, SEM VERGONHA. Olhei por todos os lados e não vi ninguém. Mas deduzi que o grito veio da casa do Senhor Mathias Rodrigues Gil, pai do Pigua (Walter), pai do Jardim (Odair) e da Nim, de quem esqueci o seu nome. A “bronca” foi merecida porque estive lavando os pés onde não devia (risos). Entretanto, foi mais um fato acrescido à minha educação.
Altino Olimpio