As minhas amigas parecem que não se enquadram bem nas exigências que o viver do cotidiano provoca. Talvez pela idade já “alta” elas ficaram impacientes e intolerantes com quaisquer das situações que vão surgindo e que agora as desagradam. Uma delas, num desabafo me disse que é uma falta de respeito a nora dela fritar cebola na casa dela. Falta de respeito? Só porque ela não suporta cheiro de cebola que se espalha pela casa? É, ela não suporta, ela odeia cebola. Coisa mais estranha para quem é normal. As cebolas não fazem mal a ninguém. Elas não ofendem, elas não brigam, só provocam um choro de mentira quando causam uma ardência nos olhos e o escorrimento de lágrimas pelo rosto.
Alguém lhe indicou um suplemento mineral líquido que alivia as dores do corpo, já que ela sempre se queixa disso, e ela agradeceu assim: MISERICÓRDIA... Que coisa horrível de amargo é isso. Acabei de tomar e não tomo mais. Vou ver se existe em cápsulas para poder tomar sem sentir o gosto amargo. Essa amiga não faz “sacrifício” nenhum, nem para se aliviar das dores. Para ela tomar algo que seja amargo lhe é uma tragédia. Hoje as pessoas não são felizes porque se queixam de tudo: isto está muito mole ou muito duro, está salgado demais ou está sem sal, é azedo, está ardido, está muito doce ou sem açúcar e etc. Aqui em casa também é assim. Outro dia preparei uma mistura que é boa pra saúde e refrescante, mas, minha filha tomou e reclamou que estava com cheiro e gosto de pinga (risos) só porque coloquei o suco num litro de Fogo Paulista, uma bebida alcoólica antiga e deliciosa. Mas, eu havia lavado bem aquele litro e não sabia que ela é muito boa de olfato.
Outra amiga de Caieiras me disse que lhe indicaram tomar suco de couve que faz muito bem pra saúde e ela reagiu ferozmente: Credo, que horror, eu detesto, odeio couve. Coitada da couve que é tão amiga dos vegetarianos sendo assim tão maltratada. Eu já fiz suco de couve, tomei e gostei. Agora, detestar, odiar esse vegetal saudável, isso me é muito estranho. Outro dia estive falando pra essa amiga que uma amiga nossa também não “batia bem da cabeça”. A inimiga da couve me perguntou: O que você está querendo dizer com a palavra “também”. Tem algo a ver comigo? Rindo respondi-lhe: Nossa! Mas o que é isso? Quando falei da nossa amiga nem pensei em você. O “também” falei sem querer. É, hoje em dia é preciso tomar cuidado com o que se fala, principalmente pra quem já esgotou o discernimento diante das situações que se apresentam.
Altino Olympio