Quando me distraio do agora sem querer vou embora para o passado. E assim neste presente “revivo” momentos que existiram e deixaram de existir como tudo do e no mundo deixa de existir porque ele é do “devir”, um conceito filosófico de Heráclito de Éfeso que, no século VI a.C. disse que nada neste mundo é permanente, permanentes são apenas as mudanças e as transformações. O passado não existe no mundo. Presente e futuro também não. Passado, presente e futuro são somente divisões psicológicas do tempo engendradas pelos homens enquanto o mundo prossegue alheio à humanidade circulando e transladando ao redor do sol.
Mas, embora não tendo existência para o mundo e nem tendo substância para os homens, o passado só resiste em ser o que foi somente na mente subjetiva deles, isto é, em suas memórias. E nessa subjetividade os passados são tão diferentes conforme como foram às existências de quem os memorizou e os relembra. Se numa reunião de pessoas com mais ou menos a mesma idade se pedir que relatem tudo o que elas se lembram de suas vidas, nenhum passado será igual a outro. “Existem tantos passados” conquanto sejam os habitantes do mundo e nenhum coincide com outro. Então, o passado é particular para quem o possui (risos).
O tempo é como uma locomotiva a vapor que vai apitando os agoras e soltando fumaças para trás (os presentes que se evaporam). O mundo e o tempo, eles nunca param. Entretanto, o que parou num devido tempo enquanto ele continuou a passar indiferente com as imaginações humanas foram os conceitos ainda não identificados como reais. Desde então, “separados do devir” que tudo transforma e tudo modifica, tais conceitos continuaram imutáveis, “imodificáveis” até estes tempos. Eles não são do presente, mas estão sempre presentes (risos). E o passado não existe porque já existiu e o tempo faz com que muitos de nós já fiquemos passados para atuar nesta época tão presente de tecnologia prognosticando um futuro cada vez mais sofisticado para se viver.
Altino Olympio