Tudo o que nós fomos e nós somos está dentro de nós. O que nós fomos, o que vivemos (fatos de nossas vidas) não é alterado. Continua na memória conforme ocorreu no passado. São lembranças de fatos até com imagens do que nos ocorreu outrora. O que nos ficou gravado permanece como quando ocorreu e não se altera. Isso se chama passado. O que “somos” é que tem se alterado conforme novas experiências da vida foram se acrescentado ao nosso viver. Quando jovens éramos ingênuos e sem experiências. Com o passar do tempo fomos nos modificando com novas experiências, estudos, profissão, trabalho, percalços no viver, perdas ou ganhos, casamento e etc. e assim nos tornamos adultos. Deixamos de ser aquele “nós somos” da mocidade, para sermos aquele “nós somos” de agora como adultos.
As épocas de festividades do Natal eram fatos do que “fomos” que não se altera, continuam firme na memória. Lembro-me bem daquele enfeitar da “Árvore de Natal” para o Dia de Natal (risos). As árvores para tais ocasiões eram originais e não artificiais como as comercializadas de agora. Muitas bolas coloridas de vidro, outros enfeites e até bombons eram amarrados nos galhos da árvore ficando-lhes pendentes, brilhando e se destacando da cor verde dela. Tudo era para aguardar a vinda do Papai Noel com seus presentes, principalmente para as crianças da casa donde a árvore fora enfeitada. Passado o Dia de Natal, só depois do Dia de Reis, dia seis de janeiro, a árvore poderia ser “desmontada”. Os enfeites ficavam guardados para o ano seguinte e a árvore... Coitada, ia pro lixo e desaparecia para sempre.
Os homens quando adultos se arvoram como sendo realistas, não mais sendo ingênuos como ingênuas são as crianças. Eles deixaram de acreditar em contos de fadas, em sereias, e também no Papai Noel inventado por eles mesmos para enganar as crianças. Mas, como uma árvore para o Dia de Natal precisa de enfeites, eles também precisam de enfeites para viver. Não lhes basta viver a vida sem ter acessórios. Enfeitam-se psicologicamente com o que podem para suas vidas não serem vazias e sem objetivos. “Enfeitam-se” com evolução mental e espiritual, com religião, com filosofia, com espiritismo, com esoterismo e etc. Nas suas mortes, tudo isso, psicológico como é, talvez, só continue por aqui neste mundo na mentalidade humana, igual aos enfeites de árvore de Natal que permanecem existindo e os homens desaparecem como desaparecem as árvores do Natal. Tais acessórios se acompanham os homens em seus desaparecimentos é “garantido” pela credulidade de cada um. Eles são parte do que “nós somos” agora, diferentes daquele “nós somos” de outrora.
Altino Olympio