Na luta de toda uma vida, os anos entre o nascimento e a morte não passam de serem capítulos da nossa novela particular pelas mudanças que vão provocando em nossa personalidade sem se sair da prisão que cada um constrói para si mesmo. Nossa prisão é a “programação mental” de que fomos vítimas depois de nos tornarmos “conscientes” (se consciência não foi e sempre será um luxo raro para poucos). Na juventude somos um corpo vibrante com energia parecendo ser inesgotável. Na maturidade gastamos muito de nossa energia para conquistar o “nosso lugar” neste mundo. Na velhice, nossa energia já enfraquecida é dirigida para enfrentar as doenças e muitos ficam satisfeitos ao conversar sobre elas, pois esse assunto é muito emocionante. Nessa situação, as atualidades do cotidiano ficam sem graça e até perdem o interesse. Como refúgio nós temos o nosso pensamento. Com ele podemos retornar ao passado e desfrutar mentalmente das nossas vivências, das nossas experiências. Mas, que decepção! Muita insignificância ressurge na mente. Fomos apenas alguém a mais a imitar o comportamento dos demais. O tão falado inferno é a nossa memória que fica ininterrupta no lançar para o pensamento lembranças que nada têm a ver com as realidades dos momentos presentes. Nisso o homem menos convive com as circunstâncias com o onde ele está. Quando está com outros, a tortura é de ouvir os mesmismos de suas existências comuns. Na velhice quando o homem, por azar, tem um maior nível de compreensão sobre os demais, ele é um decepcionado com a raça humana e se sente como sendo um alienígena num mundo repleto de imbecilidades humanas. Isso tudo porque o ser humano é o ápice da criação. Nem ouso imaginar o que ele seria se não fosse. Quanto às imbecilidades, não tem onde e como poder fugir delas. Elas estão presentes em qualquer canto do mundo. A imbecilidade mais é demonstrável em muitos dos entretenimentos que apaixonam multidões, nas divulgações quase sempre cretinas da Mídia, e, como não poderia deixar de ser, nas eleições nacionais.
Altino Olympio