16/08/2011
Tempos modernos

Tempos modernos

--Batarde minha senhora. Gostaria de ver uma pistola?
--O que? Homem sem vergonha. Vou chamar meu marido.
--Calma dona. É que sou aposentado e para ganhar uns trocos sou vendedor ambulante de um Sex-shop. Hoje isso não tem nada de mais, até na televisão no programa do gordo, mulheres comparecem para exibir estes produtos.
--Ah sim eu já vi. Mas não estou interessada.
--Talvez seu marido esteja. Que tal uma pistola pra ele?
--Não, não e não. Meu marido é heterossexual viu?
--Legal né? Mas, como à senhora já está um pouco idosa, será que ele não iria gostar de uma xixa ou xoxa portátil? Também tenho aqui pra vender.
--Olha meu senhor, eu e meu marido não precisamos de meios artificiais, viu?
--Sim eu sei, mas,  ele ou a senhora pode ficar viúva e pode precisar. O que é que tem né? Ninguém precisa ficar sabendo. Também tenho boneca inflável que é uma maravilha. Ela tem a vantagem de ser útil e não é de ficar falando depois como fazem as mulheres: compra-me isso, me compra aquilo e etc.
--O senhor já está passando dos limites. O senhor é muito depravado.
--A senhora é que é antiquada. Minha freguesia está aumentando e olha, já estou cansado de levar tanta pistola pelo caminho. Veja como pesa esta mala cheia de pistolas e de outros produtos necessários para o combate da carência. Compra uma vai? Está em oferta hoje. Se seu marido for pescar e ficar ausente por uma semana, a senhora não vai sentir falta dele.
--CHEGA! VAI EMBORA. Retire-se já daqui.
--“Puxa-vida, que mulher ignorante. Também, quem me manda querer ser útil pra quem não merece? Bem, ela ficou com o meu cartãozinho. Se ela precisar é só me telefonar”.

                                                                                                  Altino Olympio


Altino Olímpio

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