02/06/2009
Somos isolados

O sentimento é o nosso ser por dentro. O “como me encontro e me sinto” de cada momento são as diversidades de como somos na existência. Momentos de responsabilidade, momentos de obrigação, de preocupação, de descontração, de recordação, momentos de afeição pelos nossos entes queridos, momentos de pensamento sobre o que estamos desejando e outros momentos a diversificar nossos pensamentos. Digamos, somos particularidades inacessíveis. O “como sou e como me sinto” é intransferível. A empatia, palavra esta a significar o se sentir como outra pessoa e participar da mesma intensidade de sentimentos, isso, é irreal. Já vimos alguém a exteriorizar com ênfase seus sofrimentos ou alegrias, entretanto, nossa receptividade nunca é correspondente com a profundidade sentimental e emocional desse alguém. Grande maioria das pessoas é dada a expor seus contentamentos ou seus desagrados existenciais numa já carência de exteriorizar tudo o que lhe ocorre. A veemente necessidade do falar de si sempre revela a ilusão da auto-importância de muitos. Essa auto-importância incide no desejo de se fazer notar. Também incide na hipótese de termos uma missão a desempenhar em prol de uma invisível e teórica suprema autoridade a nos observar. Se fôssemos mais atentos à incapacidade de na mesma proporção ou íntegra transferir nossos sentimentos para outros, não desperdiçaríamos esforços para despertar neles os mesmos. Somos isolados no conviver com os próprios sentimentos e conscientes disso, para a independência dos demais minimizamos o anseio de exteriorizá-los. Sendo assim, aquele “correr pra contar tudo o que me acontece” perde força e se vive mais tranqüilo sem essa “doença”.


Altino Olímpio

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