Importância nula
Hei leitor (a), você é importante, não é? Não importa sua vida ser repleta de banalidades e perdida em tudo o que é óbvio e repetitivo. Saia de sua casa e vá até a avenida de seu bairro para observar o povo na ilusão de suas responsabilidades. Automóveis passam conduzindo pessoas nas orgias do “necessário fazer” diário. No comércio e escritórios você vê pessoas livres a serem prisioneiras diárias de suas nobres incumbências profissionais. Você numa esquina apreciando tudo, não importa se tu és bobo ou esperto, pois sentes a tua importância. Iguais a como você se sente existem no mundo cerca de sete bilhões de pessoas. Não lhe parece que seus olhos e seus ouvidos são como uma câmera de televisão a registrar tudo o que lhe ocorre e a ser transmitido a algum arquivo, talvez, imaginado ou não por ti? Lhe passa pela cabeça que um dia esse arquivo será aberto e seu conteúdo será revelado? Ah, você se lembrou agora do dia do Juízo Final tão comentado nas religiões. Essa lembrança faz mesmo pensar no sermos os protagonistas e testemunhas das mazelas ou beneficências humanas. Você leitor, na esquina observando os outros tão distraídos em seus mundinhos restritos quando só você parece estar atento com as circunstâncias, seja sincero, não te julgas ser mais importante que eles? A analogia sobre sermos como uma câmera de televisão pode te ajudar a se reconhecer. Supondo ela tendo também a capacidade de analisar fatos e de editar textos sobre eles, isso teria a ser conforme o condicionamento de cada um. Leitor, se o teu condicionamento é pobre de experiências úteis e sua mente é abarrotada de supérfluos, se tua mente abriga “existências” nunca vistas e ouvidas por você e nem por outros, então, a câmera de televisão que você é, será incapaz de editar um texto com a realidade dele. Incluirá nele suas fantasias mentais como “foi o destino, foi uma provação, foi parte da missão, foi um teste, foi castigo, foi uma dívida da encarnação passada, foi um milagre, foi por merecimento, Deus quis assim, e etc.” Então leitor (a), com essa “autenticidade” a enfeitar ou a emporcalhar os fatos que lhe ocorrem, você estaria em condições de ser um registro para a posteridade? Seu arquivo a ser aberto não seria só de distorções e irrealidades? Agora, se concentre e imagine-se mesmo sendo uma câmera de televisão a gravar tudo e todos à sua volta. Isso mesmo, ótimo. Que experiência magnífica, não? Os outros parecem dispersos em si mesmos, só você parece estar consciente e até se sentindo mais importante. Você parece estar conectado com um poder do além e esse poder te considera um ser especial. Ah coitadinho (a) você é tão bonzinho (boazinha) Muito cuidado. Se só você se julga importante e ninguém mais te julga assim, talvez você seja louco (a) e ainda não sabe. Pare de se imaginar sendo uma câmera de televisão. Você acatou essa sugestão porque já está habituado a ser influenciado por outros no que eles fazem, acreditam e querem que você faça e acredite também. Continue assim e será uma marionete de sucesso. Parabéns.
Altino Olympio