Num dia 21 e numa quinta-feira que não me lembro de qual ano, o trem das 11,56 horas em Perus (que absurdo, ainda queriam imitar a pontualidade inglesa) passou pela Estação de Perus às 12,15 horas, portanto, atrasado. Após percorrer uns mil metros ele parou. Eu, descontraído, estava no primeiro vagão, em pé e próximo a uma das suas portas conversando com uma jovem, a Ângela que naquele dia ela ainda era minha vizinha. Ao ouvir um tropel vi que uma manada humana (risos) apavorada estava vindo do segundo vagão atropelando quem estivesse pela frente, generalizando assim um pânico.
O pânico estampado em seus rostos parecia que estavam fugindo de algum terror. As cenas se alteravam rapidamente: Correria, empurrões, atropelos naquele salve-se quem puder. Cheguei a pensar que o motivo daquela debandada ou fuga desordenada fosse por causa de algum tiroteio no segundo vagão do trem. Perguntei para um daqueles desesperados o que estava acontecendo e ele respondeu que não sabia. Vi um marmanjo pisotear uma criança e pela cara dele deu pra imaginar que ele pisotearia em quantas fosse “necessário” para se safar sem saber de que (risos).
As portas do vagão do trem se abriram e muitas pessoas pularam dele, inclusive uma mulher com uma criança no colo. Quem pulou se expos ao perigo de se ferir por causa da altura entre o piso do trem e o chão de fora dele. A Ângela havia sumido. Percorri o vagão com o meu olhar e não a vi. Vi-a depois quando olhei para fora do trem. Ela, juntamente com outras várias pessoas estava ao lado dos trilhos de trem com tráfego sentido contrário que poderia atropelar alguém que, pulando de um trem poderia ser atropelado por outro.
Dentro do trem ainda parado observei pessoas atemorizadas, algumas bolsas, sacolas de plástico e embrulhos atirados pelo piso do trem parecia ter sido consequências de um terremoto (risos). Ao retornarmos a pé para Perus perguntei a Ângela porque ela havia pulado do trem se expondo ao perigo de ser atropelada por outro e ela me respondeu que sem dúvida a turba a esmagaria se ela ficasse na frente dela (risos).
O que motivou o estouro da manada (risos), como fiquei sabendo, foi apenas um princípio de fogo e isso no último vagão. Alguém deve ter gritado FOGO, FOGO e assim deve ter tido início a correria tumultuada de um vagão para outro até ela terminar no primeiro vagão tornando para os medrosos “uma rua sem saída” (risos). Parece que nessas situações apavorantes não há tempo e nem lembrança de exercer o amor ao próximo.
Altino Olimpio