Enquanto muitos pregam a igualdade entre os homens, outros
pregam suas diferenças. Para uma religião muito conhecida, seus
fiéis são considerados seres humanos e são consideradas
“criaturas” ainda, quem não pertence a ela. Isso foi dito
por um comerciante ao convidar um seu freguês para também pertencer
à religião dele. Em resposta o comerciante ouviu o que não
queria: “Como você é cara-de-pau, considera criaturas todos
os seus fregueses que não são da tua religião, mas, precisa
deles para vender os seus produtos. Por que você não os vende só
para os fiéis, os seus irmãos? E vocês ainda dizem que religião
significa religar, reaproximar todos para cultuarem um Deus único. Não,
obrigado, prefiro continuar como criatura, inferior a você por ainda não
ser considerado um ser humano”.
E assim caminha a humanidade. Humanos ofendendo, rebaixando humanos pensando
assistidos com a anuência de Deus. Quando nos deparamos com um fiel iludido
de ser melhor por pertencer àquela religião, sua ilusão
tão pueril cega-lhe enxergar o se aproveitar das realizações
úteis produzidas pelas criaturas, “as infiéis”.
Não é incomum existir membros de uma mesma família
separados por ideais religiosos. Sabe-se de irmãos que não visitam
irmãos e não se misturam em suas ocasiões importantes,
como numa cerimônia de casamento, por exemplo, só porque, uns não
aprovam a religião dos outros. “Não posso comparecer porque
eu não entro na casa de inimigo”. Esta sentença já
foi proferida por irmãos contra irmãos consangüíneos,
se referindo como sendo a casa do inimigo, o local da cerimônia do casamento,
onde a religião é outra, considerada contrária e até
espúria.
Irmãos de sangue se antipatizando e se inimizando por causa de religião,
ah, ah, ah, ah. Se não fossem tão imbecis, o mundo não
seria tão alegre. Contudo, cada um na sua religião, sabe dela
ser a única perfeita, embora, tantas outras sendo “única”
existam também.
A construção mais bonita que ainda existe é a Torre de
Babel, porém, suas portas estão trancadas para as “criaturas”
por serem ainda seres humanos não conscientes.
Ainda bem! Mas viu, que ninguém fique perturbado ao ler estas coisas
porque quem as escreveu também ainda é uma criatura, então,
indigna de crédito.
Ainda sendo criatura sou um ser muito triste, pensei em suicídio, mas,
tenho um consolo. Nem Deus escapa de errar, coitado, caprichou tanto na criação
dos seus filhos, porém, muitos deles sentindo-se seres humanos normais,
classificaram muitos outros como ainda criaturas e eu sendo uma delas, a culpa
não é minha, foi um erro da Criação. Agora entendo,
aquele comerciante do início, ao convidar um freguês para participar
de algumas reuniões de esclarecimento, esteve tentando salvar uma criatura
de sua condição inferior. Foi bem intencionado.