Liberdade? Ninguém é livre! Todos têm necessidades fisiológicas e elas criam outras necessidades, aquelas chamadas meios de sobrevivência. É o viver em sociedade naquele "uns precisam dos outros" para todos se manterem. Nisso a liberdade já sumiu! O manter compromissos, responsabilidades, já é uma prisão psicológica. Compromissos e responsabilidades, nem sempre sendo o que queremos, sempre interferem com o que realmente queremos. Diariamente, nos intervalos entre as obrigações e deveres, alguém pode pensar que pensa o que quer. Porém, atualmente, quem teria um pensamento original diferenciado dos pensamentos dos demais? Se até pensamentos parecidos sempre são repetidos, isso, é liberdade ou escravidão? Por si mesmo a pergunta já é resposta. Vínculos e considerações por outros, agradáveis como possam parecer, exigem o repartir de nossos momentos. Nossos momentos quase sempre preenchidos por outros pode ser prisão iludida como liberdade. Na intimidade do lar, quem é livre? Ninguém! Problemas, preocupações prendem os familiares uns aos outros. A maioria julga-se com liberdade em seu modo de trajar. Já disseram que os seres humanos adequam suas aparências e suas ações para quem os observa. Isso é ser livre? É livre quem é bem instruido, respeita costumes vigentes, é atento a tradições e vive conforme a ética? Livre ou enquadrado? Ser refinado, ético, não é ter obediência aos bons costumes que a sociedade requer? Obediência, igualar-se, é liberdade?
Quem para tudo quer depender de si mesmo e não de tradições e costumes generalizados pode ser menos prisioneiro que a maioria. Seria um independente anônimo que a sociedade desprezaria por ele não seguir os padrões dela. Quem vive neste mundo preocupando-se com punições ou recompensas do outro mundo depois deste, é livre? É livre quem vive pensando que seus atos sempre são vigiados por um pai incomunicável que nada censura? Embora, nestes dias seja muito difícil, alguma liberdade seria o pensar por si mesmo, diferente do pensar da massa. Dai o viver solitário de alguns que elevam seus pensamentos para as alturas, separando-se assim, das constantes trivialidades da existência. Sempre é importante lembrar e se perguntar se o que fazemos, fazemos por nós mesmos ou fazemos para agradar aos outros? Se a resposta sempre decai na segunda opção, então, não somos e nunca seremos livres. Embora, liberdade total seja impossível ---utopia--- pelo menos, para se viver melhor, bem que poderíamos nos libertar das atitudes, costumes e atividades inúteis e das amarras mentais que criamos e tantas outras que os outros nos criam, sempre em nome da boa intenção para cada um ser "sociável".