A aventura de viver
Nós com os nossos cinco sentidos de visão, audição, tato, paladar e olfato somos como se fôssemos uma câmera que filma e grava tudo o que nos acontece na vida desde que nascemos. As lembranças que vamos tendo de fatos que nos ocorreram em qualquer fase de nossa existência, elas são como se fossem trechos de filmes que nos ficaram gravados na memória. Se poderia dizer que tudo o que foi gravado pela câmera externa que são os nossos cinco sentidos, são os nossos fatos vividos e os que presenciamos mesmo não tendo tido relação conosco. Resumindo, tudo o que nos foi gravado e ficou acumulado na nossa mente ou consciência resultou em ser o nosso condicionamento donde se formou a nossa personalidade.
Quando nos mantemos ocupados, distraídos ou esquecidos de nós mesmos, concentrados apenas no que estamos fazendo, isto é, na nossa ocupação, nossos pensamentos outros ficam ausentes temporariamente. Ao contrário, quando estamos desocupados, nossos pensamentos fluem como querem, sejam eles agradáveis ou desagradáveis como se fossem invasores. São de lembranças ou de recordações do passado ou de preocupações existentes no presente. Nossos pensamentos como o pulsar de nossos corações, eles nunca param enquanto estamos em nossos estados objetivos, isto é, despertos.
Eles só param quando estamos dormindo. Assim eles dão vez à atuação dos sonhos, um estado de ser sem o nosso querer, de quando ficamos inconscientes do mundo e de nós mesmos. É um estado em que ficamos à mercê de fatos aleatórios que nos surgem na mente com imagens, sons e movimentos nada tendo a ver com a realidade do cotidiano do nosso viver objetivo, material ou consciente. Sem o nosso controle os sonhos nos aparecem como querem. Eles não seguem qualquer sequência, pois, na interrupção de um sonho, outro diferente vem para substituí-lo e assim sucessivamente. Mais fáceis de serem lembrados (quando são) são aqueles que, como um enredo, eles têm começo, meio e fim.
Assim é a aventura da vida, vivemos momentos conscientes como também vivemos momentos inconscientes. Quando despertos somos conscientes, quando adormecidos somos inconscientes. Entretanto, como existimos só até o deixarmos de existir, parece que tudo é um sonho seja ele no estado adormecido ou no estado desperto. Quando pensamos no mundo sem nós sentimos aquele vazio que é o vazio da ausência, a ausência que seremos.
Altino Olímpio