Aconteceu neste domingo, dezessete de agosto de dois mil e quatorze por volta das vinte e três horas. Como sempre sem ter o que fazer a melhor opção foi me deitar na cama, esquecer-se do mundo enlouquecido e evitar qualquer pessoa, que, porventura viesse aparecer na minha mente para atrapalhar meus instantes a sós. Com o tempo a passar adormeci sem querer e num dado momento “acordei” ouvindo o estalar de milhos de pipoca. Fiquei imaginando que todos os milhos estouraram, até “vi” na imaginação a tampa da panela se abrir parcialmente exalando cheiro de pipocas e eu sentindo-as já salgadinhas. A seguir, o inesperado aconteceu. Que surpresa agradável! Vi-me suspenso ao ar cerca de meio metro distante do corpo estirado na cama. Imediatamente me conscientizei estar tendo uma projeção astral. Embora me sentindo feliz, não conseguia sair daquele lugar fora do corpo. Esforcei-me para continuar a projeção conforme aprendera em estudos do passado, mas, nada de conseguir. Foi quando me lembrei haver tomado uma espécie de chá. Uma mistura de várias plantas, mas, não me lembrava quais plantas eram. Ainda distante do corpo eu pensava que devia tomar mais do chá para poder sair daquela posição estagnada e viajar pelo mundo astral. Até via na mente a caneca preta contendo o chá. Entretanto, também pensei. Para tomar mais chá terei que voltar ao corpo. E se depois de tomar o chá eu não conseguir mais sair dele? Indeciso, fiquei por uns momentos analisando aquela situação. Eu fora do corpo no ar e ele deitado na cama dormindo. Vozes femininas e masculinas de repente surgiram para interromperem minha indecisão sobre o que fazer. De quem seriam tais vozes? Seriam do plano astral ou seriam daqui mesmo, deste mundo barulhento? Ainda demorou um pouco para me certificar que as vozes eram daqui. Eram de uma de minhas filhas e de um dos meus netos. Não me lembro como foi minha reentrada ao corpo, pois, me levantei com vontade de comer pipocas. Perguntei por elas pra minha filha e ela me disse: Não tem. Hoje aqui ninguém fez pipocas. Ah, pensei, então, “tão reais” as pipocas eram do plano astral. Você leitor, se chegou até aqui na leitura deste texto acreditando na minha saída do corpo, então, você acredita em qualquer coisa. Também acredita em promessas de políticos. Acreditou que o piloto daquele avião que há poucos dias caiu na Cidade de Santos foi um herói por ter escolhido lá do alto uma casa abandonada e um pequeno terreno “certinho” para poder cair evitando assim tragédia maior? Se o piloto teve opção de escolha, por que não caiu ao mar onde possivelmente os passageiros poderiam ter a chance de se salvarem? Quanto à minha projeção astral desta crônica, ela existiu sim conforme ela foi relatada, mas, no sonho. Foi um sonho! Quanto a sonhar, sei da existência de muita gente que sonha acordada e nisso está à credulidade por fatos indignos da realidade.
Altino Olympio