Pra quem continua vivo e já faz tempo que deixou de ser jovem, lembrar do passado parece que ele ficou tão distante e a memória quase não consegue mais chegar até lá para “visitar” pessoas, lugares, fatos e histórias que em suas épocas tiveram importância e destaque. A hoje pequena Cidade de Caieiras que antes de sua emancipação foi distrito do Município de Franco da Rocha, ainda tem para lembrar os bons costumes, o respeito mútuo e a moral como sendo os principais valores existenciais daquele seu povo. Nos comportamentos sociais todos se sentiam como se devessem dar satisfação de suas condutas para os habitantes do mesmo lugar. Quando alguém cometia algum desvio de conduta, isso provocava comentários pejorativos. Então, para não serem vítimas de tais comentários, todos, ou quase todos, preferiam ter um comportamento exemplar para não decepcionar os seus conterrâneos. Sendo assim, a moral e os bons costumes persistiam em ser.
Hoje, os remanescentes daquela antiga Caieiras donde nasci, vivi e convivi com os seus hábitos ou procedimentos exemplares, eles, como eu, devem estar desorientados, desnorteados e até espantados com a incidência da patifaria, com a falta de respeito, com a mal conduta, com a falta de vergonha e com a imoralidade humana evidentes destes tempos tão calamitosos para se poder viver em paz e sem conflitos. Não é a toa que se houve dizer que já estamos no fim do mundo. Não generalizando, a degradação humana destes dias parece estar a insinuar que a criação humana foi um fracasso, tido que, ela age e reage conforme seus instintos animais bestiais sem existir poderes físicos ou metafísicos que as confrontem ou contenham. Todos os meios “legais, morais, intelectuais, filosofais, psicológicos e religiosos” têm sido bem eficientes como o “tapar o sol com uma peneira” para conter a maldade, a desonestidade, a imoralidade, a falsidade e a hipocrisia de grande parte da sociedade desta era tão triunfal da tecnologia. Triunfal só mesmo para a tecnologia.
Utilizando-se de gíria antiga dos saudosos bons tempos, parece mesmo que atualmente “a vaca foi pro brejo” (risos) querendo significar aqui que “o mundo não tem mais jeito”. E por falar em tecnologia, crianças, os vovôs e as vovós, os bisavôs e as bisavós agora podem pela internet acessarem vídeos de cenas mostrando práticas eróticas explícitas que eram tabus praticarem e nem existiam lá no passado. Pois, a prática era só aquela conhecida como “papai e mamãe”. Quanto às praticas de hoje vistas em vídeos, elas são um pouco melhores do que as novelas da Rede Globo (risos) que, desde há muito tempo vem ensinando a mais pura moral para as famílias brasileiras. Mas, como com tudo, todos se habituam, parece que ninguém se importa em saber aonde a moral foi morar ou se ela ainda vive.
Agora compreendo bem o que o saudoso compositor Ataulfo Alves quis transmitir com a letra de sua música “Meus tempos de criança”:
Eu daria tudo o que eu tivesse; Pra voltar aos dias de criança; Eu não sei pra que a gente cresce; Se não sai da gente essa lembrança... ... Que saudade da professorinha; Que me ensinou o beabá... ... Jogos de botão sobre a calçada; Eu era feliz e não sabia.
Altino Olympio
Comentários:
Oswaldo Muhlmann Junior - Ordem Rosacruz - AMORC-GLP
Bom dia, caro Fr. Altino!
Efetivamente, a letra da música do grande compositor e intérprete que foi Ataulfo Alves diz tudo, pois a felicidade da fase infantil, ainda mais naqueles tempos "sossegados", era de fato um privilégio.
Infelizmente, está prevalecendo à derrocada das massas, com essas mídias como a da rede Globo e mesmo da maioria das emissoras de rádio e tv, que estão esculhambando com os bons costumes e que se dane a moral, em função de seus sórdidos interesses.
No país onde foi se instalando a bagunça, sem investimentos naquilo que de fato interessa, por descaso também por parte de um povo, que não tem mais educação, cultura e consequentemente sem a mínima consciência política, realmente a derrocada moral é o resultado natural, a despeito da riqueza e das potencialidades que este imenso país oferece ao seu povo.
É mesmo uma pena saber que a moral se esvaiu e está cada vez mais decadente, e pelo andar da carruagem, sem tempo para retornar aos moldes daqueles tempos antigos.
São essas as nossas imediatas reflexões, após a leitura do seu texto. Muito grato e um grande abraço!
Oswaldo