Quem só procura "felicidade" nas distrações
quer fugir do tédio, sendo ele, o soberano entre as pessoas vazias.
Não é o tédio que chama o vazio, o vazio é que chama
o tédio.
Quando ele é chamado, indesejável como é, a fuga dele requer
divertimentos ou confraternizações entre aqueles do "semelhante
atrai semelhante."
Momentaneamente colocado à parte, o tédio sempre se reaproxima
quando semelhante afasta-se de semelhante para o solitário vazio viver.
"Diga-me com quem andas e eu direi quem tu és."
Dizendo-me onde você sempre está ou onde sempre vai, é fácil
saber se o tédio tem poder sobre você.
Refúgio em alguém, refúgios nos mesmos lugares, esses habituais
estímulos externos, já vício, corroboram para um tédio
posterior muito maior.
Muitos que se queixam do tédio, na verdade, gostam dele até sem
saber.
Como uma mola propulsora, ele lança-os para o "sempre cair em lugar
comum" dos vazios que se preenchem com outros vazios.
E o "anjo da guarda", as vezes, até que fica cutucando: "quanta
inutilidade, quanta futilidade."
Porém, de vazios com vazios também surge a considaração.
Consideração entre pessoas que se frequentam e tornam-se empatias
mútuas no fugir do tédio.
A frequência e continuidade nessas fugas faz com que, cada vez mais, pessoas
não convivam consigo mesmas em seus reduzidos momentos solitários.
Esse provocar do afastar do tédio, impede que ele ressurja como meio
para forçar inovações ou transformações da
rotina do viver comum, o que, por si só, o comum viver é um tédio
despercebido.
Aquela "felicidade" buscada nas distrações, o que parece
ser, mais as pessoas são levadas pelo tédio do que por si mesmas.
Altino Olímpio