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13/12/05
Fugas

Quem só procura "felicidade" nas distrações quer fugir do tédio, sendo ele, o soberano entre as pessoas vazias.
Não é o tédio que chama o vazio, o vazio é que chama o tédio.
Quando ele é chamado, indesejável como é, a fuga dele requer divertimentos ou confraternizações entre aqueles do "semelhante atrai semelhante."
Momentaneamente colocado à parte, o tédio sempre se reaproxima quando semelhante afasta-se de semelhante para o solitário vazio viver.
"Diga-me com quem andas e eu direi quem tu és."
Dizendo-me onde você sempre está ou onde sempre vai, é fácil saber se o tédio tem poder sobre você.
Refúgio em alguém, refúgios nos mesmos lugares, esses habituais estímulos externos, já vício, corroboram para um tédio posterior muito maior.
Muitos que se queixam do tédio, na verdade, gostam dele até sem saber.
Como uma mola propulsora, ele lança-os para o "sempre cair em lugar comum" dos vazios que se preenchem com outros vazios.
E o "anjo da guarda", as vezes, até que fica cutucando: "quanta inutilidade, quanta futilidade."
Porém, de vazios com vazios também surge a considaração.
Consideração entre pessoas que se frequentam e tornam-se empatias mútuas no fugir do tédio.
A frequência e continuidade nessas fugas faz com que, cada vez mais, pessoas não convivam consigo mesmas em seus reduzidos momentos solitários.
Esse provocar do afastar do tédio, impede que ele ressurja como meio para forçar inovações ou transformações da rotina do viver comum, o que, por si só, o comum viver é um tédio despercebido.
Aquela "felicidade" buscada nas distrações, o que parece ser, mais as pessoas são levadas pelo tédio do que por si mesmas.

Altino Olímpio