26/09/2007
Eu também existi

Como foram inocentes aqueles tempos
De tantas amizades despretensiosas
Das tardes ensolaradas, das fantasias
De noites silenciosas para os sonhos
De estrelas cintilantes de mistério.
Quando no jardim das diversidades
As borboletas beijavam as flores
Parecendo eu procurando sinceridade
Num amor entre os meus amores.

Ah! Saudade de quando crianças podiam ser crianças
E os adultos se tornavam melhores adultos
A vida era repleta e a alegria no presente
Era a ilusão de ser assim para sempre
Sendo e tudo tendo não vivia de esperanças.
O mundo era mais verde ladeando ruas de terra
Sendo colorido de flores selvagens como paisagens
E o rio espelhava as alvuras das nuvens do azul do céu.
Naquele tempo que nossos pais eram nossos heróis
Crianças brincavam e ao chão sentadas conversavam
Quando o brilho da lua cheia parecia a tudo assistir
Parecendo ser ela admirando ao invés de ser admirada.

Quando sem perceber a mocidade foi chegando
Talvez já envenenada de desejos e ilusões
Forçando a vida na busca das emoções
Desviando o comigo mesmo do sem delas viver
Para o conviver com elas como se só elas fosse eu.
Na juventude existindo-me ainda a criança que eu era
Com os olhos dela eu ainda via o mundo.
Por isso ele ainda era cheio de encantamentos
Como uma cortina fechando o meu palco
Escondendo os dramas que iriam me causar ferimentos.

Hoje só fico vendo e não vendo os dias a passarem
Pareço estar à parte e ausente deles
Diferente de quando sendo eles eu me sentia
Na criança-jovem-tempo incorporados que era.
Agora eu e o mundo parecemos ser desprezos mútuos
Ele na corrida desmedida de seus eventos
Na conveniência de eu ficar isolado dele.
Na criança, no jovem e no adulto que fui
Eles existiram para se misturar e para ser o apenas um
Deste agora quando se vêem separados no passado.

Altino Olímpio

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