Nas três partes anteriores desta quarta, tivemos como
tópico a consciência humana para termos subsídios sobre
o que aqui vamos expor.
O homem, privilegiado como poderia ser, não o é porque emudeceu
sua “voz interior” num sacrifício dela em prol das vozes
externas de outros. Por isso, ele se prende a ouvir sobre fatos irrealizáveis,
promessas e garantias incoerentes que o tempo sempre comprova suas inexatidões
e o homem percebe isso e finge não perceber para repetir o mesmo proceder.
Com isso, ingênuo, o homem é cúmplice inconsciente das promulgações
públicas, aquelas ainda só supostas que são “realidades”
apenas na imaginação ou crença daqueles que as promulgam
e que são compartilhadas pelos que ouvem e assim esse costume se perpetua.
Quem tem aquele “lado invisível” desenvolvido para a possibilidade
de ser-lhe visível todas as contradições e impossibilidades
propaladas, se sincero e de caráter elevado, não se submete como
expectador, telespectador e muito menos como divulgador se sabe que não
sabe das certezas que talvez tenha impulso de querer divulgar.
Anualmente, em dias especiais ---se é que existem dias
diferenciados sem ser aqueles que arbitrariamente os homens diferenciaram como
especiais para seus propósitos--- muito do que se ouve assistindo, como
rituais para o bem da humanidade, petições por intervenções
divinas para solucionarem o problema da precariedade da existência, intervenção
nos conflitos para a promoção da paz mundial, invocação
para ser restaurada a saúde no mundo e etc. Só cegos e surdos
não enxergam e escutam dos noticiários nacionais e internacionais,
as conturbações, tribulações e sofrimentos da humanidade
no mundo, que estão a comprovar a ineficácia das implorações
por poderes interventores do além deste mundo. Isso tudo sempre se repete
como também as calamidades que são indiferentes aos seres humanos.
Até a natureza parece estar se vingando dos seres humanos
devido suas violências contra ela e ela não atende ordens de poderes
divinos para abrandar sua fúria quando se manifesta provocando prejuízos
aos homens e hecatombes lastimáveis. Quanto ao que pertence à
natureza, ainda só podemos conseguir ter previsões ou premeditações
do quando de suas implicações desastrosas e apesar da nossa tecnologia,
às vezes ela inesperadamente surpreende.
Quanto ao que pertence aos homens, os mistificadores da razão,
sabem e fingem não saberem ou talvez não saibam mesmo e nem querem
saber, que, muitos problemas da humanidade seriam resolvidos se fosse facilitado
e estimulado o ensino e a preocupação ou obrigação
do desenvolver das capacidades da consciência. “Talvez” seja
esse o principal e mais nobre objetivo da existência. Como Jung detalhou,
muitos deixariam de ser incompletos com o desenvolver dos atributos de suas
consciências e só assim contribuiriam com a evolução
da humanidade que prosseguiria independente, indiferente das falações
que detém o povo na inocência, na ingenuidade e até na puerilidade
e quando alguns vierem a perceber suas situações, muito tempo
terá decorrido.
Mas, cuidado, tudo está tão liso e estamos escorregando e caindo
na utopia.