Os nossos presentes mais são invadidos por tempos passados e de incertezas dos tempos futuros. O tempo, subjetivo e psicológico como é, quase nunca está nos nossos agoras sucessivos porque sempre nós nos distraímos dos momentos de onde estamos. Pensamentos do passado surgem na mente e momentaneamente ficamos inconscientes do presente. O nosso corpo sempre está nos “aquis e agoras” de nossa existência, porém, nosso “eu” não. Nosso eu, nossa mente ou nossa consciência sempre se dispersa em lembranças de fatos ocorridos conforme qualquer estímulo venha a desarquivar um fato existente na memória. Mentalmente revivendo o fato, temporariamente ficamos inconscientes do presente donde estamos e do porque lá estamos. Nós somos mais conscientes dos nossos presentes quando, por exemplo, uma dor de dente nos aflige. Sentindo-a e concentrados nela, nós, com a mente e com o corpo, ficamos simultâneos no mesmo presente. É quando o presente está tendo o seu próprio tempo sem o passado a interferir nele pelos nossos pensamentos. Entretanto, essa situação não é comum. Comum mesmo é quase sempre não estarmos em consciência onde está o nosso corpo. O não estar onde com o corpo se está é ficar distraído do presente. Por isso, fatos que possam ocorrer à nossa volta podem ficar despercebidos. Em pensamento não se estar onde o corpo está é o mesmo que estarmos ausentes perdidos em devaneios. Os nossos olhos continuam enxergando tudo à nossa volta, mas, suas visões perdem o interesse e a lucidez para as visões mentais que nos surgem oriundas dos devaneios. Isso equivale a estarmos dormindo acordados. É quando a objetividade ou a realidade do momento é substituída pela subjetividade. Nessa circunstância, já nos deve ter acontecido algum conhecido passar por nós nalgum lugar e sermos despercebidos por ele, visto que, ele estava absorto em seus pensamentos parecendo estar inconsciente ou distante de onde estava. Péssimo hábito esse o não se estar onde em corpo se está. Quem muito mentalmente, subjetivamente e por querer se refugia nas lembranças boas ou ruins do passado porque considera o presente monótono e sem sensações, se esquece que o presente quando desprovido de emoções alegres ou tristes e de lembranças de outrora que na atualidade não existem, ele é propício para sentir a paz. O sempre estar de corpo e consciência no presente e no como ele está sendo, mesmo sem emoções, impede o manifestar da melancolia pelos bons momentos vividos ou o ressurgir dos aborrecimentos por fatos lamentáveis ocorridos no passado.
Altino Olympio