Não faz muito tempo, qualquer investigação da natureza
do homem ou da sua alma, era abominável e “pecaminosa”,
especialmente se a fonte de investigação não fosse as
Escrituras Sagradas. Além disso, teologicamente, sustentava-se que
os mistérios da vida
--aqueles que o ser humano não deveria conhecer acerca de si mesmo
ou do mundo-- eram segredos divinos que jamais deveriam ser revelados à
compreensão humana.
O conflito de sentimentos de um autor do passado exemplifica bem essa controvérsia.
Primeiro, há uma expressão de humildade e da crença em
que talvez o ser humano não seja digno de investigar as coisas divinas.
Segundo, o autor vê nas ações dos seres vivos inferiores
o esforço de melhorarem suas condições e se libertarem
de certos estorvos. Por causa disso, ele espera não estar sendo muito
presunçoso ao tentar libertar sua própria alma de estorvos,
especificamente da ignorância, e com isso, receber mais luz acerca do
Eu e do Universo.
Deveríamos aprender que não existem castigos divinos para o
desejo sincero de adquirir iluminação para o aprimoramento da
humanidade.
Vamos ao conflito de sentimentos:
“Meu Deus, minha Vida, cuja essência o homem não está
de modo algum preparado para conhecer ou investigar, mas que do Teu Reino
como hóspede deve se aproximar, com pensamentos mais humildes do que
a sua petição: quando penso em como me desvio, creio que é
orgulho de minha parte orar. Como ouso aos Céus falar, com certeza
de com todos os meus pecados Tua atenção merecer? Mas, quando
observo as toupeiras, que às cegas em túneis se escondem e ali
suas próprias escuras prisões constroem, removendo a terra para
o ar conseguir, assim vejo minha alma agrilhoada que com o seu fardo de pó
tem de lutar.
Atende sua súplica e um raio acrescenta a esta encarcerada porção
do teu dia.
Assim, embora aqui aprisionada, ela veria, através de todo o seu pó,
o Teu trono e a Ti.
Senhor, guia min’alma para longe desta triste noite, e diz mais uma
vez, Que Haja Luz”.
Thomas Vaughan 1621-1665