Curtinhas do Altino
Benvinda a solidão
O envelhecer depois de tanto ter vivido pode ocasionar impaciência para ouvir o que os outros tem para dizer. Principalmente se esses “outros” só tenham para exteriorizar assuntos pertinentes a eles mesmos. São egocentrismos difíceis de suportar, ainda mais quando a educação nos mantém calados para apenas escutar e não falar ou responder sobre o que de cansativo se ouve. Quando felizmente a conversa termina cada um vai para o seu lado, o que mais de si falou parece que ficou satisfeito. O outro que mais ouviu do que falou ficou aliviado, mas, perturbado por se esquecer de praticar a difícil tolerância destes dias.
Altino Olímpio
A Aurora
Não “falo” aqui da aurora da claridade do amanhecer, mas, da Aurora jovem que conheci quando eu, jovem ainda embarcava no trem para ir trabalhar na cidade. Incrível como me lembrei dela depois de tantos anos passados. Ela era muito linda como se não houvesse outra igual. Íamos conversando no trem, eu, ela e as colegas dela. Isso porque ela estava brigada com o seu namorado e então se pensava ser, temporariamente livre para conversar com quem quisesse. Estive apaixonado por ela e ela foi a moça com quem mais insisti para que namorasse comigo. Mas, ela ainda estava muito apaixonada pelo ex-namorado. Depois eu soube que ela reatou o namoro com ele e logo se casaram. Também me lembrei que ela era nervosinha quando se defendia das minhas tentativas de conquistá-la (risos). Nunca mais eu a vi e não sabia que ela ainda estava oculta num canto secreto da minha memória. O momentâneo se distrair do meu estado presente me trouxe-a do passado. Onde ela estaria e como estaria agora?
Altino Olímpio