No mundo capitalista tudo se torna industrializado e comercializado para atender ou envolver a maioria no consumo, inclusive a “fabricação” de idéias que só se permanecem como idéias e nunca deixam de ser teorias. Estas são as indústrias afins com o mundo imperceptível da consciência humana com padrão igual ao do mundo perceptível. Elas têm um presidente, um diretor, um gerente, tesoureiro e outros diminuídos de importância na hierarquia da “empresa”. No final desse cronograma estão os participantes, que, sustentam toda a organização. A ficção a seguir, se tiver qualquer semelhança com fatos reais estabelecidos é pura coincidência. Nesta ficção está um exemplo de como se inicia (sempre num passado longínquo) um principal componente espiritual a ser instalado numa organização material humana como sendo foco principal de valores salvacionais, entre outros, a serem transpassados para os seus associados. O componente a ser transformado em ser humano teve uma metamorfose extraordinária. Aconteceu num alto monte onde pra lá raio, pra cá raio coriscavam entre pesadas e escuras nuvens. No clarão e no estrondo do encontro entre dois deles, o milagre aconteceu. Surgiu um ser de luz revestido com o corpo de homem. Um enviado das alturas. Enquanto assim materializado existiu, foram incontáveis suas proezas em benefício da humanidade. Certa vez, para um povo passando fome, ele fez cair do céu muitos alimentos, como mandiocas, melancias, jacas e outros. Até aconteceu um acidente. Uma jaca caiu numa devota e a jacadada a fez morrer. Com isso ela ficou sendo santa, a Santa Jaca. Foi responsável por vários milagres. Fez um perneta jogar futebol, surdas e cegas assistirem novela, fez com que todos os políticos fossem honestos, e, outros milagres considerados impossíveis. O divino que surgiu através da junção de dois raios, tendo cumprido sua missão como encarnado ascendeu ao céu. Era preciso dar continuidade à sua proficiência. Era preciso uma organização material para representar a espiritual e para que esta tivesse intermediários para se manifestar. Para isso foi fundada uma instituição com procedimentos e regras parecidas com uma indústria. Com contabilidade eficiente e com seus integrantes com imunidade religiosa, qualquer auditoria seria desnecessária. Formalizada então, a “indústria” criou dogmas a serem seguidos e também esperanças. Sem data prévia, uma delas seria a do retorno do componente principal dela, isto é, daquele ser de luz que inspirou uma constituição para a sua continuação. Assim, nesta ficção, superficialmente foi imaginada a instalação formal de uma empresa para o consumo de conceitos outros a se somarem com os poucos das nossas certezas sobre o nosso destino daqui e do além. Entretanto, nem tudo pode ser ficção. Hoje, com a natureza parecendo estar mais violenta, com tempestades e calamidades, com tanto pra lá raio e tanto pra cá raio, do encontro de dois bem que poderia surgir ou reaparecer um salvador dessa tormenta de incompreensão, desamor e desunião entre os “homens de boa vontade” pela paz na terra. E a terra, esta sim é feliz porque, ela toda é um palco só para todas as comédias e espetáculos humanos, apenas comédias e espetáculos. Ela enquanto permanece assiste os seres humanos que são bons atores e sempre quando eles vão morrendo outros sempre os estão substituindo. O espetáculo não para.