Mas nem em casa se consegue se refugiar dos barulhos provenientes dos seres humanos empesteados de ruídos insuportáveis. O cachorro do inquilino da casa ao lado fica preso num cubículo e por isso, abandonado durante o dia ele emite “latidalmente” sua revolta de viver em cárcere. Só resta mesmo sair de casa e ir para qualquer lugar. Felizmente o ”qualquer lugar” foi ótimo: o Parque da Água Branca que fica próximo â estação de trens da Barra Funda com uma das entradas sendo pela Avenida Francisco Matarazzo 455. Que lugar sensacional! Primeiro destaca-se o adorável e meditativo silêncio. Depois, o frescor com que as árvores e bambus gigantes promovem naquele lugar. Lá por aonde se vai se tem a companhia de muitos galos coloridos e bonitos e galinhas que ficam à solta ciscando na terra e cacarejando promovendo uma atração agradável.
Passeando pelo local por entre os antigos prédios de estilo normando, admirando os peixes ornamentais coloridos dos tanques d’água abastecidos pelas águas das nascentes existentes, visitando locais donde vários cursos são administrados, inclusive o de violão e etc. logo me deparei com o ouvir de uma música. Ao seguir o som dela cheguei até onde estava havendo um baile. Fiquei do lado de fora observando através de uma janela o interior daquele salão repleto de pessoas idosas e descontraídas numa dança animada e envolvente. Pensei em entrar no salão para ver mais de perto aqueles dançarinos, mas, pensei que, talvez, a entrada fosse proibida para menores de oitenta anos de idade.
Conforme fiquei sabendo, os bailes animam quem quiser participar deles nas terças, quintas-feiras e aos sábados das treze às dezessete horas. Deduzi que todos aqueles frequentadores sejam impotentes. Impotentes para praticarem qualquer maldade contra quem quer que seja ou para se envolverem com as violências que hoje tanto assusta quem sai de casa para se descontrair. Entretanto, o Parque da Água Branca é uma boa opção para quem quer fugir da rotina de seus dias enfadonhos, porque, estando lá entre galos e galinhas qualquer preocupação se dissipa. Por que será que quando estou apenas comigo mesmo nada me chateia?
Altino Olympio