09/02/2018
Conflito com as ilusões

Vida bem vivida é aquela de quando se deixa de viver como vivem todos os outros. Enganados como são vivem mais pela emoção das imitações do que pela razão. Mostre-me um homem que seja diferente que lhe serei amigo para sempre. Quanto aos iguais, jamais. Uma vez encontrei um homem que não tinha amigos. Fiquei com tanta inveja dele... (risos). Só sei que a vida não é só do viver de disputas entre coxinhas e mortadelas. Se ao homem faltar o show do Big Brother Brasil falta-lhe tudo na vida. Também dizem que eu preciso viajar. Mas, desde que eu nasci vivo viajando. Não é verdade que só estamos aqui de viajem? Só não sei se quando eu voltar dessa viajem para casa saberei aonde encontrar o lugar donde moro (risos).

Ah as mulheres, viver sem elas não dá! Uma vez eu cobicei tanto uma com o olhar que até lambi meus lábios e como ela me percebeu nesse vício sem cura eu lhe disse que estava com afta na língua. Então... Eu não sabia que o amor é um veneno para a alma e que mantém um homem escravo de uma mulher porque ela lhe proporciona o orgasmo.

Quando um homem ama uma mulher e vice-versa, coitados, eles sem desconfiar são usados pela natureza para o “crescei-vos e multiplicai-vos” para a continuidade da espécie humana na produção de filhos, entretanto, é o amor entre o casal que vai criá-los, alimentá-los e educá-los se puderem, enquanto, a natureza “lava as mãos como o fez o Pôncio Pilatos da nossa história”. Mas, às vezes sinto saudades dos meus amores. Lembro-me de uma mulher que me foi tão querida durante quatro anos e depois que nós terminamos o nosso romance ela quis que eu voltasse a namorá-la. Respondi-lhe: Querida não sabia que você gosta de reeleição, eu não gosto.

Houve outra que depois de uma briga nós nos separamos, mas, ela insistia que eu deveria reatar o namoro com ela. Fui muito compreensivo dizendo-lhe: Querida não seja tão afobada, nós nos reencontraremos no dia da ressurreição. Outra que quase gostei dela vivia querendo me levar numa dessas “igrejas” que praticam milagres explícitos ao vivo. Lembro-me de ter dito a ela: Meu amor, você não é a lua, mas, é tão lunática (risos). Eu que não uso brinco, mas brinco muito com muitos e até com a vida brinco, assim cheguei ao perceber da indiferença que sentem por ela muitas das pessoas que já viveram por muito tempo neste mundo de contratempos. Tal indiferença ao causar o tédio, igual ao tédio de domingo de quando não se tem o que fazer e aonde ir (eu sempre tenho o que fazer, no caso, ler e escrever, então, o tédio me fica distante). Para muitos o tédio vem a existir quando se perde as ilusões e a facilidade de se iludir. Coitada da humanidade, se lhe fosse tirada as ilusões, ela não sobreviveria ao tédio, à solidão e a monotonia que resultariam sem a existência delas.

 

Altino Olympio

 

 

 



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