O rio passa como tudo na vida passa
A vida também é assim, a gente nasce, cresce e logo envelhece
A gente por tudo o que passa nunca volta a ser como era antes
Igual as águas do rio que passam e não voltam
A vida também é um passar contínuo até um fim
A correnteza do rio a passar é como o decorrer da vida
Não se vê o final onde o rio vai chegar com suas águas
O mesmo se aplica a vida que pode chegar ou não onde se quer
Contudo ficar vendo a correnteza do rio a passar
Vendo as borbulhas que sobem do fundo para a superfície
Desperta pensamentos como se eles fossem meditação
Quando a correnteza está calma o rio parece ser um espelho
Que reflete o azul do céu que o enfeita
Como também à noite espelha o luar de lua cheia
Era só atravessar a rua da minha casa e descer por um barranco
Se chegava ao rio que lá passava e por lá eu ficava em solidão
Como se fosse uma fuga por gostar de ficar sozinho
Garoto ainda passava muitos momentos na beira do rio
Era lá que eu mais pensava sobre o que iria ser quando crescer
Eu que ainda não tinha passado para relembrar
Só tinha o presente caminhando para um futuro incerto
Hoje até me rio dos pensamentos que o rio me provocava
Se eu pudesse voltar para aquele meu passado pueril
Eu diria para aquele menino da beira do rio que eu fui
Que eu cresci e vivi tendo alegrias e tristezas e envelheci
Satisfazendo a curiosidade dele sobre quem eu (ele) iria ser
Eu lhe diria que nada sou e assim continuo sendo
Até quando se expira o prazo que ainda me resta viver
Hoje ao escrever estas lembranças sobre o que vivi
Senti saudades daquele menino da beira do rio
Até pensando que ele ainda vive em mim
Mas agora sem aquela ingenuidade de outrora
De quando ele e o rio fizeram parte da minha história
Altino Olímpio